Avanços da produção de soja e as transformações produtivas na bovinocultura de corte em
São Vicente do
Sul - RS/Brasil
Willian Luiz Castro Vicente
1
*, Rafaela Vendruscolo
2
Doi: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36935
Resumo
Complexas mudanças vêm acontecendo no cenário agrário mundial, impulsionadas principalmente pela dinâmica econômica
global. Nesse contexto, há significativo protagonismo da cadeia de grãos baseada em uma agricultura principalmente
empresarial, implicando em progressiva introdução e ampliação de monoculturas no contexto bra- sileiro, especialmente a da
soja. Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar o avanço da produção de soja e as
transformações na bovinocultura de
corte em São Vicente do Sul ao longo dos últimos 25 anos. O estudo se caracteriza
como descritivo analítico, utilizando
instrumentos quantitativos e qualitativos para coleta e análise dos resultados obtidos através de levantamento de dados
secundários em sites como IBGE, Conab, MapBiomas, bem como artigos da área e duas entrevistas com representantes do
Sindicato Rural de São Vicente do Sul e EMATER/ASCAR/RS. O estudo demonstrou mudanças no padrão produtivo do
município e do uso do solo, uma vez que o campo nativo cedeu espaço a cultura da soja e a pastagem de inverno subsequente.
O avanço da soja é algo “sem volta”, segundo os representantes entrevistados, e a diminuição de cabeças bovinas não foi
significativa, em vista da criação de um gado mais pesado e comercializado com idade menor.
Palavras-chave
: Campo nativo. Mudanças produtivas. Pecuária. Sojicultura.
Advances in soybean production and productive transformations in beef cattle farming in
São Vicente do
Sul - RS/Brazil
Abstract
Complex changes are taking place in the global agrarian scenario, driven mainly by the global economic dynamics. In this
contexto, there is a significant role for the grain chain based on a mainly entrepreneurial agriculture, implying a progressive
introduction and expansion of monocultures in the Brazilian contexto, especially soybean. In view of this, the objective of
this work is to analyze the advance of soy production and how transformations in beef cattle in São Vicente do Sul over the
past 25 years. The study stands out as na analytical descriptive, using quantitative and qualitative instruments to collect and
analyze the results obtained by collecting secondary data on sites such as IBGE, Conab, MapBiomas, as well as articles in the
area and two interviews with representatives of the Rural Union of São Vicente do Sul and EMATER/ASCAR/RS. The study
demonstrated changes in the productive pattern of the municipality and land use, since the native field gave way to soybean
culture and subsequent winter pasture. The advance of soybeans is something “without return”, according to the interviewed
representatives, and the decrease in bovine heads was not a concern, in view of the creation of heavier and commercialized
cattle at a younger age.
Key-words
: Soybeans. Livestock. Productive changes. Rangeland.
Recebido para publicação em 30 de outubro de 2021. Aceito para publicação 18 de dezembro de 2021.
e-ISSN: 2447-6218 /
ISSN: 2447-6218. Atribuição CC BY.
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Vicente, W. L. C. e Vendruscolo, R.
Introdução
Complexas mudanças vêm acontecendo no cená- rio
agrário mundial, impulsionadas, principalmente pela dinâmica
econômica global. Nesse contexto, significa-
tivo
protagonismo da cadeia de grãos baseada em uma
agricultura principalmente empresarial para exportação
de
commodities, implicando em progressiva introdução e
ampliação de monoculturas no contexto brasileiro, espe-
cialmente a da soja. Esse grão tornou-se uma das commo-
dities mais importantes do mundo, servindo de base para
a
produção de alimentos industrializados, ração animal,
combustível e centenas de produtos industriais, explicando a
expansão das fronteiras agrícolas e da intensificação da
atividade no Brasil (Moreira, Conterato, Matte, 2019).
O Bioma Pampa integra três países da América do
Sul, correspondendo a parte da Argentina, todo o
território
do Uruguai e 62,2% do território do Rio Grande
do Sul, no
Brasil (Boldrini et al., 2010). O Bioma Pampa, possui uma
sociobiodiversidade construída a partir da colonização
europeia, da demarcação das fronteiras, da
introdução da
pecuária e do estabelecimento da estrutura
fundiária de médias
e grandes propriedades que estão presentes até hoje na
metade sul do Estado. Muitos es- tudos vêm sendo
realizados sobre a sociobiodiversidade do Bioma Pampa, que
identifica uma riqueza de flora e fauna, ainda carentes de
maiores pesquisas (Binkowski, 2009). Alguns estudos
apontam a existência de mais de 2200 espécies campestres
(Boldrini et al., 2010).
A produção de soja vem aumentando em diversas
regiões do Brasil, por vezes substituindo ou somando a
atividades produtivas tradicionais nesses espaços. De
acordo com dados da Conab (2021) a produção de soja
aumentou de 75.323 mil toneladas para 124.845 mil
toneladas nos últimos 10 anos. Esse aumento se deve às
novas tecnologias que visam aumentar a produti- vidade,
mas, também, ao aumento da área plantada. Em todo Brasil,
verifica-se um aumento de 24.182.000 para 36.948.000 de
hectares de soja entre as safras de 2010/2011 e 2019/2020.
Salienta-se que, o conjunto da sociobiodiversidade
composto pela produção pecuária extensiva, com pouca
carga animal por hectare e com o manejo adequado do
campo nativo, que permite a preservação da diversidade de
espécies animais e vegetais, permite a conservação dos recursos
hídricos, a disponibilização de polinizadores e a manutenção
de importantes recursos genéticos. Além dis- so, garantem o
provimento de forragem para a pecuária, resguardando uma
produção diferenciada, com base em uma cultura social e
econômica de produção. As espécies forrageiras permitem o
desenvolvimento de uma pecuária ecológica, com a integração e
a conservação do campo na- tivo (Boldrini et al., 2010) Dessa
forma, a pecuária de corte
baseada na produção em campo nativo
pode ser considerado
uma estratégia de serviços ambientais
(Pillar et al., 2009).
No Rio Grande do Sul, a estimativa de aumento
de
área plantada de soja na safra 2020/2021 é de 1,55%,
passando
de 5,98 milhões de hectares para 6,07 milhões
de hectares
(Beledeli, 2020). O aumento da produção de
soja no RS é
progressivo nos últimos anos, estimulado, principalmente
por fatores econômicos. O aumento do
preço da saca de soja,
decorrente do aumento das expor-
tações e da elevação do
dólar são os principais fatores
(Beledeli, 2020). De acordo
com dados da Conab (2021),
a produção (em mil t) de soja
no RS era de 6.439 em 1990, diminuindo para 4.965 em
2000, chegando aos
10.219 em 2010, e, mesmo com o problema climático
enfrentado pelo estado na safra 2019/2020, chegando à
produtividade de 11.444.
Segundo Bencke et al. (2016) é impossível se
“delimitar” o Pampa somente em extensão territorial, seria uma
definição incompleta. Se faz necessária uma análise
sociocultural, em virtude da apresentação da figura do
gaúcho, habitante natural da região. Assim, em termos
socioculturais, o Pampa abrange a cultura do gaúcho, uma
categoria construída a partir da atividade extensiva de criação
de gado bovino e ovino nos campos nativos. Uma integração
social e cultural com a biodiversidade animal e vegetal.
A principal região de expansão da produção de
soja
no RS é a chamada Metade Sul. Estima-se que, apenas na região
de abrangência da Emater Bagé, que abrange os
municípios da
Campanha e Fronteira Oeste, o aumento será de 6% na safra
2020/2021 (Beledeli, 2020). Esse
aumento se dá em áreas
tradicionalmente ocupadas pela
produção pecuária, bem
como, em rotação de culturas em áreas de várzea com arroz
(Beledeli, 2020).
Diversos autores (Boldrini et al., 2010; Matte e
Waquil 2018; Matte et al., 2020) vêm chamando a atenção
para a necessidade de pesquisas e políticas pú- blicas que
atentem para a preservação desse importante
Bioma, que
apresenta importante biodiversidade. Ainda,
chamam a
atenção para as ameaças da exploração das atividades
econômicas e a urbanização sobre o Bioma.
Por outro lado,
Estudiosos (Verschoore Filho, 2000) bus- cam demonstrar por
meio de indicadores demográficos e
econômicos, o declínio
da participação dessa região no desenvolvimento do Rio
Grande do Sul, diferenciando o
estado entre “metade sul” e
“metade norte” em um senso
comparativo de
desenvolvimento.
Essas transformações, demonstradas em números,
evidenciam as mudanças no uso da terra e na produção
pecuária no Brasil e no Rio Grande do Sul. Principalmen-
te na
Metade Sul do RS, o avanço da produção de soja tem
alterado o Bioma Pampa. Transformações que têm
mobilizado diversas pesquisas que objetivam analisar os
impactos sobre o bioma e sobre a produção pecuária
(Gonzéles e Fonseca, 2017; Matte, 2017)
Essa contradição nas concepções de desenvol-
vimento estimularam o avanço da produção de grãos
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36935
3
Avanços da produção de soja e as transformações produtivas na bovinocultura de corte em São Vicente do Sul - RS/Brasil
(principalmente a soja e o arroz), bem como a maior carga
animal sobre os campos nativos, o que tem gerado amplas
discussões. Isso porque, de um lado, essas alterações têm
apresentado mudanças nos índices econômicos da metade sul
do RS e, por outro lado, são acionadas como produções
degradantes ao Bioma Pampa, visto que a maior carga
animal compacta os campos nativos e a produção de grãos
necessita revolver a terra, sem saber se o campo nativo tem
possibilidade de regeneração de toda sua biodiver- sidade.
Por fim, a entrada da agricultura empresarial no
Bioma Pampa
ocorreu por meio de migrantes das regiões
de colonização
alemã e italiana no Rio Grande do Sul, transformando as
relações sociais nestes espaços.
é analisar o avanço da produção de soja e as transforma- ções
na bovinocultura de corte em São Vicente do Sul ao
longo dos
últimos 25 anos. De forma específica, busca-se:
identificar as
transformações agropecuárias em São Vi- cente do Sul nos
últimos 25 anos; verificar a influência do avanço da soja na
produção bovina de corte em São Vicente do Sul nesse
período; analisar as mudanças no
uso da terra e na pecuária
bovina de corte em São Vicente
do Sul a partir do avanço da
produção de soja.
Metodologia
O estudo se caracteriza como descritivo analíti- co,
utilizando instrumentos quantitativos e qualitativos para
coleta e análise dos resultados. A análise parte de dados
secundários quantitativos, levantados através de pesquisas
em sites como IBGE, Conab, MapBiomas e revisões de
artigos na área para comparação. Também foram levantados
dados qualitativos primários a partir de duas entrevistas
com representante da Emater/RS ASCAR e Sindicato
Rural de São Vicente do Sul, tendo como objetivo
identificar a visão das entidades sobre o tema abordado e as
novas perspectivas das mesmas.
De acordo com Echer et al. (2015), 168 muni-
cípios possuem seu território ou parte dele inseridos no
Bioma Pampa, dos quais 97 estão totalmente inseridos.
Dentre eles está São Vicente do Sul, com características
econômicas baseadas na produção agropecuária, histo-
ricamente com foco na pecuária de corte, que ao longo dos
últimos anos, acompanhando as transformações na Metade
Sul do RS, ampliou a produção de arroz e de soja.
O estudo abrange o município de São Vicente do Sul,
o qual possui um território de 1.172,640 km², situado
no Bioma
Pampa. O município possui uma população de
aproximadamente 8.732 habitantes, sendo 70% urbana e
30 %
rural. A maior contribuição ao VA (Valor Adiciona- do) do
município advém do setor agropecuário, cerca de
57% em
2017. Ainda falando-se em setor agropecuário, o
município
possuía, no ano de 2018, área total de 37.836 hectares
plantados, onde 74% eram utilizados para soja e 24,8% para
arroz (Sebrae, 2020).
Esse contexto justifica a problemática de pesquisa:
ocorreu o avanço da cultura da soja em São Vicente do Sul?
Esse avanço impactou na pecuária bovina de corte? A
produção de soja avançou em área de pecuária bovina
de
corte? Assim, considera-se importante contribuir com um olhar
científico sobre o avanço da produção de soja no Bioma Pampa,
bem como, com ações de desenvolvimento
rural no
município.
Por este motivo, e reforçando a necessidade de
análises dos dados no município, o objetivo deste trabalho
Figura 1 Mapa divisor de biomas no estado do Rio Grande do Sul / Brasil e Mapa de localização territorial de São Vicente
do Sul.
Fonte: Echer et al. (2015) e Wikipédia, disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Vicente_do_Sul
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36935
4
Vicente, W. L. C. e Vendruscolo, R.
A pesquisa, teve, ainda, como metodologia, a
coleta de dados primários com os pecuaristas do mu-
nicípio. Cabe ressaltar que devido a pandemia causada pelo
COVID-19 (Coronavirus), a coleta de dados com os
pecuaristas do município o pode ser visitada presen-
cialmente como forma de segurança, logo, o trabalho irá
ater-se aos dados apresentados pelo IBGE, Conab e
MapBiomas e pelas duas entrevistas.
até o ano de 2019. Por fim, as duas entrevistas foram
analisadas e complementaram os resultados e análises
postulados.
Resultados e discussão
Os dados coletados e tabulados, conforme a
metodologia exposta, trazem resultados sobre o avanço da
soja e as transformações da pecuária bovina de corte em São
Vicente do Sul. Assim, observa-se que ocorreram
significativas transformações na produção agropecuária em
São Vicente do Sul, nos últimos 25 anos.
Para a tabulação e análise dos dados, realizou-se
um
compilado de dados e revisão bibliográfica, no qual o
levantamento da área plantada foi obtido através da
Pesquisa Agrícola Municipal-PAM e o efetivo de rebanho
bovino retirado da Pesquisa Pecuária Municipal-PPM,
ambos extraídos do Sistema IBGE de Recuperação Au-
tomática-SIDRA, pertencente ao Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Foram obtidos dados de
vinte e cinco anos, compreendendo os anos de 1995
Para identificar as transformações agropecuárias em
São Vicente do Sul nos últimos 25 anos e a influência
do
avanço da soja na produção bovina de corte em São Vicente
do Sul nesse período cruzou-se os dados de área plantada de
soja com o número de cabeças de bovinos, conforme o
quadro 1:
Quadro 1 Série dos últimos 25 anos da produção de arroz, soja, bovinocultura e ovinocultura de corte de São Vicente do Sul -
RS/Brasil.
Fonte: Elaborado pelos autores Adaptado do website SIDRA (IBGE, 2020a e 2020b).)
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36935
Ano referência
Arroz (ha)
Soja (ha)
Efetivo de rebanho
bovino (cab)
Efetivo de rebanho
ovino (cab)
1995
9.550
1.500
86.550
32.150
1996
10.000
350
86.540
22.050
1997
8.550
850
93.873
23.830
1998
9.100
1.800
90.118
21.900
1999
10.100
800
87.414
20.586
2000
10.200
800
82.350
18.550
2001
10.200
1.500
84.549
16.445
2002
10.200
2.500
83.448
13.352
2003
10.200
3.500
91.625
12.043
2004
10.200
8.000
89.297
12.577
2005
9.356
10.000
96.573
12.320
2006
9.920
9.000
91.325
13.213
2007
10.100
9.000
82.687
15.315
2008
9.800
9.000
86.000
12.676
2009
10.000
9.500
90.734
12.634
2010
10.000
9.500
84.887
12.114
2011
10.000
9.800
84.929
11.998
2012
9.000
11.500
81.351
14.025
2013
9.465
16.500
82.567
14.467
2014
9.500
22.000
79.626
14.233
2015
9.485
25.000
79.685
12.782
2016
8.963
26.000
80.039
12.271
2017
9.455
27.000
76.206
11.616
2018
9.385
28.000
71.982
11.678
2019
9.092
29.000
74.014
11.702
5
Avanços da produção de soja e as transformações produtivas na bovinocultura de corte em São Vicente do Sul - RS/Brasil
Durante o período analisado, notou-se uma gran-
de
oscilação da área cultivada com soja no município, sendo
que a mesma saiu de 1.500 ha no ano de 1995
para 29.000ha
no ano de 2019. Esses dados demonstram
o grande avanço da
produção de soja no município que
vem ocorrendo de forma
gradativa, mas com grande salto
de crescimento de área
plantada entre os anos de 2003 e 2004, bem como entre os
anos de 2012, 2013 e 2014.
bovino não evidencia o impacto da soja na produção
bovina.
Primeiramente, buscou-se identificar o uso do
solo
em todo o Bioma Pampa referente ao Rio Grande do Sul.
Durante a consulta ao MapBiomas podemos verificar
uma
crescente nos valores de áreas de agropecuária em cerca de
dois milhões e trezentos mil hectares durante o intervalo
analisado (os dados utilizados englobam o setor
agropecuário uma vez que existe uma lacuna de dados
anterior aos anos 2000 para isolamento de soja no website,
porém os mesmos constam no quadro 1). Interessante
observar que mesmo com este incremento
da agropecuária, as
áreas florestais e corpos d’água estão
aumentando durante o
período de dados analisados, ou seja, embora ocorra o
incremento de áreas produtivas no bioma pampa, a
preservação de áreas ainda pode ser considerada, visto que as
mesmas estão sendo aumenta- das. Cabe destacar que áreas
florestais exóticas com fins comerciais m sendo
incorporadas a este bioma, bem como áreas de
reflorestamento em virtude de licencia- mento ambiental
vem crescendo ao longo dos anos, não sendo objeto desta
pesquisa.
Quando analisamos a variação ocorrida no setor
pecuário envolvendo o rebanho bovino no município de
São
Vicente do Sul, notamos uma diminuição no mero de
cabeças com o decorrer dos anos, decaindo de 86.550
cabeças
no ano de 1995 para 74.014 cabeças no ano de
2019. Estes
dados condizem com os dados sobre o rebanho
bovino a nível
nacional, onde ocorreu o decréscimo do mesmo (Matte,
2017). A queda no número de cabeças
de gabo bovino em
São Vicente do Sul é gradativa, sendo
mais significativa nos
últimos 03 anos de análise.
Também fora consultado o website “MapBiomas” o
qual é uma forte ferramenta para sensoriamento remoto
e
mapeamento de vegetações. Este por sua vez possui
coordenação no Bioma Pampa situado na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que tem como
base
contribuir para o entendimento da dinâmica do uso
do solo no
Brasil e em outros países tropicais. Essa ferra-
menta foi
utilizada na pesquisa para verificar o avanço da
produção de
soja sobre as áreas de campo nativo, visto que, apenas a
contagem do número de cabeças de gado
De acordo com os dados, cabe salientar que a
diminuição da área de campo nativo não ocorreu na mesma
proporção que o aumento da atividade agrícola. Ou seja,
observa-se que muitas áreas de campo nativo
foram
substituídas por áreas de florestas e corpos d’água.
Quadro 2 Série dos últimos 25 anos de comparação entre áreas agropecuárias, florestais e corpos d’água no Bioma Pampa
referente a parte pertencente ao estado do Rio Grande do Sul.
*Valores expressos em hectares (ha)
Fonte: elaborado pelos autores e adaptado do website MapBiomas.
Quando analisamos os dados do quadro 2 e os
confrontamos com o município de São Vicente do Sul po-
demos notar um decréscimo na área de florestas na ordem
de
241,87 hectares (cerca de 1,79% da área existente no ano de
início do estudo), que por sua vez estaria em desencontro
com os dados gerais do bioma Pampa. os
dados referentes
aos corpos d’água do município seguem o fluxo geral do bioma,
ao passo que houve um incremento de 178,78 hectares do
mesmo (aproximadamente 5,45%
da área existente no ano de
início do estudo). Os dados podem ser conferidos no quadro
abaixo:
nibilizados pelo MapBiomas. Para melhor entendimento os
dados foram divididos em 2 grupos de mapas, sendo que o
primeiro demonstra somente o avanço da soja e das
pastagens no município, ao passo que o segundo demonstra
o avanço dos mesmos frente aos campos de-
nominados no
MapBiomas como “Formação campestre”,
que localmente são
chamados de “campos nativos”.
Infelizmente o website disponibiliza os dados de
soja isolados a partir do ano 2000, anterior a isto o mesmo
mescla a cultura com todas as demais lavouras
temporárias
do município. Logo, aqui neste trabalho estão representados os
dados visuais a partir do ano de 2000, o
que não influencia na
imagem, uma vez que a diferença entre os 800ha plantados
no ano 2000 não alteraria a
Assim, para identificarmos visualmente as trans-
formações na agropecuária de São Vicente do Sul, bus-
camos analisar o uso do solo, por meio dos mapas dispo-
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36935
Descrição
1995
2019
Incremento/Decréscimo
Floresta
2.474.799,70
2.985.898,47
511.098,77
Formação Campestre
8.766.814,55
6.018.016,03
-2.748.798,52
Agropecuária
5.673.503,03
7.963.137,70
2.289.634,67
Infraestrutura Urbana
81.970,51
118.824,62
36.854,11
Corpos D’água
1.843.563,53
1.863.485,13
19.921,60
6
Vicente, W. L. C. e Vendruscolo, R.
percepção frente aos 1.500ha plantados no ano de 1995
conforme todo o estudo. Os maiores saltos da cultura no
município se deram nos anos de 2004 e 2012, os quais
estão devidamente representados juntamente com o ano
inicial
(2000) e o último ano de estudo (2019).
Quadro 3 Série dos últimos 25 anos de comparação entre áreas agropecuárias, florestais e corpos d’água em São Vicente do
Sul - RS/Brasil.
*Valores expressos em hectares (ha)
Fonte: elaborado pelos autores e adaptado do website MapBiomas.
Figura 2 Avanço das áreas de produção de soja no município de São Vicente do Sul - RS/Brasil.
Fonte: Elaborado pelos autores e adaptado do website MapBiomas
Conforme analisado nas imagens e nos dados e com
o objetivo de analisar o avanço da produção de soja
e as
transformações na produção pecuária bovina de corte em São
Vicente do Sul, pode-se constatar que o avanço da soja se deu
nas áreas de campo nativo do município. Isso
demonstra
mudanças no padrão de produção municipal e de uso do solo,
uma vez que a área de campo nativo, antes trabalhada
estritamente com pecuária de corte bovina de forma
extensiva, cedeu espaço para cultura da soja, que por sua
vez traz um atrativo monetário ao produtor de soja e ao
antigo pecuarista “tradicional” que acaba, muitas vezes,
arrendando esta área para outrem.
Neste sentido, com o objetivo de analisar as
mudanças no uso da terra e na pecuária bovina de corte em
São Vicente do Sul a partir do avanço da produção de soja,
a presente discussão traz a percepção de dois atores locais
que atuam no setor agropecuário. Dessa forma, buscou-se
compreender, por meio de entrevista semiestruturada com
os representantes do Sindicato Rural e do Escritório
Municipal da EMATER/ASCAR/RS, qual a percepção sobre
o avanço da produção de soja no município, bem como o
impacto e as transformações sobre a pecuária bovina de
corte.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0109, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.36935
Descrição
1995
2019
Incremento/Descrécimo
Floresta
13.521,41
13.279,54
- 241,87
Formação Campestre
66.889,72
43.780,92
- 23.108,80
Agropecuária
33.161,27
56.443,42
23.282,15
Infraestrutura Urbana
30,39
92,87
62,48
Corpos D’água
3.279,39
3.458,17
178,78
7
Avanços da produção de soja e as transformações produtivas na bovinocultura de corte em São Vicente do Sul - RS/Brasil
Figura 3 Avanço das áreas de produção de soja sobre o campo nativo no município de São Vicente do Sul - RS/Brasil.
Fonte: elaborado pelos autores e adaptado do Website MapBiomas.
Os entrevistados analisam o avanço da produção de
soja como positivo no município, como um incremento
de
renda para o rural, bem como, melhor utilização das áreas
com aumento de produtividade. No que se refere aos
impactos sobre a produção pecuária, os entrevista- dos
identificam grandes transformações na produção bovina de
corte, tanto pela relação com a produção de soja, quanto
pelas transformações genéticas, de manejo das pastagens e
do campo nativo, quanto pela lógica econômica de
produção de gado que vem sendo trans- formada. Neste
último ponto, os entrevistados verificam que a produção
pecuária tradicional em campo nativo, com baixa carga
animal por hectare e de permanência
dos bovinos no campo
por mais tempo estão dando lugar
a estratégias mais
intensivas de produção.
A gente não tem o costume no município de fa- zer
a pastagem de inverno (o pecuarista tradicional não tinha),
mas muita coisa pode melhorar, porque a gente ta usando
um resíduo que a soja deixa, quando tu tem
uma
diversificação de leguminosa (como no caso da soja)
pra
gramínea sempre tem o acréscimo de nitrogênio nas áreas de
cultivos, mas a gente pode melhorar muito, o produtor tem
que ser mais consciente de que a soja tem a sua adubação e
que a pastagem precisa ser adubada ainda, então pode
melhorar muito no município ainda (ENTREVISTADO
02).
Dessa forma, por meio das entrevistas com os
representantes, verificou-se que vem ocorrendo uma
intensificação na integração entre pecuária e produção de
soja, em que o agricultor, quando não produz gado bovino,
arrenda as áreas de pastagem de inverno para pecuaristas e,
ainda, os pecuaristas tradicionais do mu-
nicípio vem
arrendando suas áreas de campo nativo para
a produção de
soja, com recebimento de pastagem de inverno em alguns
casos.
Acho o seguinte, no momento que tu tem a tec-
nologia, na mesma área, vamos pegar um exemplo, pega 10ha
onde se produzia 5 animais, ou seja 0,5animais/ha,
hoje está se
produzindo 1 animal por hectare com toda a
facilidade, então
não aumentou a terra, mas aumentou-se
os animais
(ENTREVISTADO 01).
Aspecto corroborado nos estudos de Matte (2017),
que demonstra que a principal forma de ocu- pação da
produção de soja na porção sul do RS ocorre através do
arrendamento. Nesse quesito, segundo Mat- te (2017), a
maioria dos entrevistados não entendiam a entrada das
lavouras de soja como uma situação de vulnerabilidade,
mas sim como um ativo financeiro que compõe sua fonte de
renda, bem como uma forma de
Além disso, a relação entre agricultores e pecua-
ristas vem ocorrendo por meio de arrendamentos, quando o
pecuarista não se torna agricultor ou vice e versa. Desta
forma,
os arrendamentos de área para o cultivo da soja vêm
garantindo ao pecuarista as pastagens de inverno o que, na
opinião dos entrevistados, vem qualificando a criação
bovina.
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Vicente, W. L. C. e Vendruscolo, R.
supressão de espécies invasoras e que acaba por reduzir um
gasto com pagamento de roçada do campo.
Por fim, a degradação dos “campos nativos” no
município é algo evidente na pesquisa visto a diminuição
de
áreas e as transformações que neles ocorreram com o advento
da entrada da cultura da soja. Entretanto, esta
problemática
não é fator de destaque ou preocupação dos entrevistados, uma
vez que os mesmos não apresentaram
a problemática em
nenhum momento das entrevistas. A principal fala que
qualifica a mudança como algo consi- deravelmente bom, é
que a pastagem, enquanto resíduo da cultura da soja, é algo
extremamente benéfico para a pecuária em São Vicente do
Sul.
Um fator que auxilia muito na mudança do cená-
rio é
o preço praticado na venda da soja, que este tem
se tornado
cada vez mais atrativo e proporcionado maior lucratividade ao
produtor. Outro fator em conjunto com a soja é um novo
mercado de comercialização para o pecua-
rista, que após o
plantio da soja ocorrem as pastagens de inverno que
proporcionam engorda de animais em
uma época que
antigamente não era possível. Isso porque
o campo nativo não
possui suporte para engorda neste período, principalmente
porque o pecuarista não tinha o hábito de fazer
melhoramento de campo, ocorrendo
o chamado “boi sanfona” que ganhava peso durante o
período de verão, porém perdia um grande percentual de
peso durante o período de inverno devido ao baixo suporte
advindo do campo nativo.
Conclusões
O objetivo deste trabalho foi analisar o avanço da
produção de soja e as transformações na bovinocultura de
corte em São Vicente do Sul ao longo dos últimos 25
anos. Os dados coletados e tabulados, conforme a
metodologia exposta, demonstraram o avanço da soja e as
transformações da pecuária bovina de corte em São Vicente
do Sul.
Ao buscar compreender as perspectivas para o
futuro da produção de soja e pecuária em São Vicente do
Sul, os representantes da Emater/RS e o Sindicato Rural de
São Vicente do Sul, trouxeram uma perspectiva positiva para
o setor que, segundo os mesmos, ocorre uma melhora na
qualidade de produção bovina advinda das áreas ocupadas
com pastagem cultivada após a cul- tura da soja. Ambos
concordaram que mesmo reduzindo o número de cabeças, os
produtores conseguem criar animais mais pesados e com
idade de comercialização menor. A intensificação da
criação dos animais justifica
certa manutenção nos números
de cabeça de gado bovino no município, apesar de relativa
diminuição. Aspecto que também pode ser justificado pelas
oscilações de preço em
ambos os produtos. “Está muito
relativo aos ganhos, ao valor da commodity, se aumentar o
preço da soja vai ter mais gente plantando soja, se aumentar o
preço do gado
(como esaumentando) a procura por gado é
fantástica,
isso é lei da oferta e da procura”
(ENTREVISTADO 01).
Pela análise de mapas sensoriais pode-se constatar
que
o avanço da soja se deu nas áreas de campo nativo do
município. Isso demonstra mudanças no padrão de
produção municipal e de uso do solo, já que o campo
nativo
que trabalhava estritamente com pecuária de corte
extensiva
acabou por ceder espaço a cultura da soja e das pastagens
de inverno subsequentes.
Através da análise concluiu-se que o município
de
São Vicente do Sul condiz com os dados apresentados
no
bioma Pampa, onde notamos que com o avanço das áreas
agora cultivadas com soja houve a diminuição do número de
cabeças comercializadas no município. Tam- bém se conclui
que o município preservou e aumentou cerca de 5,45% seus
corpos d’água, muito embora tenha
ocorrido perda de
aproximadamente 1,79% nas áreas de
florestas.
Um ponto em comum em ambas visões dos en-
trevistados é a necessidade de avançar mais tanto na
produção de soja quanto de pecuária, por meio de mais
tecnologia e manejo adequado. Esse fato se por ambos
concordarem que a crescente na produção de soja no
município é considerada algo sem volta”, e com isso os dois
precisarão, e podem, conviver em harmonia.
Em conversa com representantes do Sindicato
Rural de São Vicente do Sul e da EMATER/ASCAR/RS
notou-se que a visão de que o avanço da soja é algo “sem
volta” é comum para ambos, e que por sua vez soja e
pecuária precisam, e podem, conviver em harmonia. Ambos
concordam que, mesmo com a diminuição de cabeças
bovinas, os produtores acabam criando animais
mais pesados
e com idade de comercialização menor, que
justifica a
diminuição não se tornar algo preocupante. Cabe ressaltar
que os avanços tecnológicos na pastagem de inverno ainda
podem aumentar, segundo os entrevis- tados.
Embora o crescimento de mais de 25.000ha de
soja no município possa parecer algo preocupante à primeira
vista, o fator de que os corpos d’água além de terem sido
preservados acabaram por aumentar tende a deixar os dados
menos alarmantes. Muito embora seria interessante atentar-
se ao fato de que houve desmata- mento, embora que esteja
ocorrendo plantio de florestas segundo o MapBiomas e desde
2010 os valores das flo-
restas plantadas estejam aumentando
aproximadamente
34%, o que pode ser visto como uma
hipótese de cons- cientização da população, porém a
validação desta seria fruto para um próximo estudo.
Com isso, observa-se que São Vicente do Sul segue
as
análises de outras regiões que compreendem o bioma Pampa
no Rio Grande do Sul, em que as áreas de campo
nativo m
sendo substituídas pela produção de soja, com
pastagem e
criação de animais no período de inverno. Aspecto que vem
provocando transformações não, ape-
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Avanços da produção de soja e as transformações produtivas na bovinocultura de corte em São Vicente do Sul - RS/Brasil
nas, o uso do solo, como também na produção pecuária,
com
alterações significativas no socioecossistema, o que,
para os entrevistados, constitui fator importante para o
desenvolvimento da agropecuária no município.
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