A angústia em Andreiev e Dostoiévski

duas experiências opostas

Autores

  • Rodrigo do Prado Bittencourt Universidade de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.26.1.140-151

Palavras-chave:

Dostoiévsk, Andreiev, Angústia, Morte, Civilização

Resumo

Este artigo analisa comparativamente duas obras da Literatura Russa. Trata-se do romance O Eterno Marido (Vechnyj muzh - Вечный муж), de 1870, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), e da novela Os Sete Enforcados (Рассказ о семи повешенных), de 1908, de Leonid Andreiev (1871-1919). Estas duas obras trabalham o tema da angústia. São angústias opostas, porém. A angústia de  Veltchaninov, personagem principal da obra de Dostoiévski, está ligada à fatuidade de um homem ocioso, bem educado, sem família e longe dos amigos. Ele não tem vínculos sociais ou atividades a exercer, daí provém sua “hipocondria”. Sua situação agrava-se com a chegada de um inimigo disposto a perturbar sua paz. A novela de Andreiev, no entanto, apresenta uma angústia existencial, ligada à condenação à morte e ao medo de que esta morte seja em vão. Texto experimental, inovador e ousado, esta obra analisa ontologicamente a questão da vida e de seu fim. É uma angústia essencialmente humana, enquanto a retratada por Dostoiévski em seu romance é verdadeiramente civilizacional e histórica, pois tem como uma de suas causas principais a influência da condição social de Veltchaninov sobre seu temperamento.

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Biografia do Autor

  • Rodrigo do Prado Bittencourt, Universidade de Coimbra

    Possui graduação em Ciências Sociais (USP, 2007), mestrado em Teoria e História Literária (UNICAMP, 2013) e doutoramento em Literatura de Língua Portuguesa: Investigação e Ensino (Universidade de Coimbra, 2017). Segue a linha de estudos que contempla as relações entre Literatura e Sociedade. Publicou mais de 30 artigos acadêmicos; em seis países: Alemanha, Brasil, Chile, Estados Unidos,
    França e Portugal. É membro do corpo editorial de nove revistas acadêmicas, leciona há mais 10 anos e tem publicado contos

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Publicado

2020-11-19

Edição

Seção

Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias