Noll contempla Narciso

A escrita em reflexo

Autores

  • Francisco Renato de Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.22.2.227-244

Palavras-chave:

Noll, Narciso, Blanchot, Autoria, Escrita

Resumo

Este artigo investiga a relação entre autor e obra na composição da escrita literária dos romances Bandoleiros e Solidão continental, de João Gilberto Noll, a partir do processo de elaboração escritural que se desenvolve en abyme nessas obras, nas quais a não-nomeação e a ocultação da identidade do narrador pela ambígua nomeação de João, assim como a sua recusa pela própria imagem e a busca do seu reflexo no outro, são investigadas como espelhamento do desenvolvimento da autoria da escrita ficcional. Tomando como base metodológica a perspectiva do escritor francês Maurice Blanchot, na qual a literatura, pautada pela ambiguidade, deixa de ser um modo de representação do mundo do autor para se tornar apresentação de si mesma, pretende-se conjuntamente à investigação acima citada estabelecer uma relação entre o narrador nolliano e a figura mitológica de Narciso, em que o mito grego é esvaziado pelo texto de Noll de qualquer sentido que lhe fora previamente atribuído, podendo então ser revestido por outras abordagens de leitura.

Biografia do Autor

  • Francisco Renato de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    Doutor em Teoria Literária pelo Departamento de Ciência da Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

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Publicado

2017-04-07