Estudo sobre a condição de '(não) animalidade humana' e a dualidade do 'eu' na obra "Grande sertão: veredas", de João Guimarães Rosa
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.20.3.180-198Palavras-chave:
Grande Sertão: Veredas, animalidade, violência, guerra, PlotinoResumo
Este estudo tem por objetivo analisar a questão da animalidade presente em Grande Sertão: Veredas, 1956, de João Guimarães Rosa. A análise se concentrará em compreender o uso da metáfora animal para determinar a essência dos personagens, para isso, observaremos o modo como o autor utiliza este recurso de forma metafísica para definir a dualidade no animal humano e a sua semelhança com o animal não-humano. Dessa forma, pretendemos comprovar que o uso de características animalizantes para ilustrar seres-humanos não sugere uma suposta posição de superioridade dos mesmos em relação aos animais, mas propõe uma visão de igualdade entre espécies. Para que esta análise seja possível, revisaremos as referências bibliográficas sobre animalidade na obra rosiana para que assim possamos estabelecer a argumentação, podendo, a partir disso, apresentar a análise proposta para este estudo. Ainda, aplicaremos as teorias canônicas sobre animalidade para exemplificar a maneira consciente com que Guimarães Rosa parece trabalhar este tema em sua obra.
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