A passos curtos

a criança pedestre e o Rio de Janeiro em Dois amores, de Paulo Lins

Autores

  • Juliana Santini Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.1.73-93

Palavras-chave:

espaço, deslocamento, cidade, narrativa brasileira contemporânea

Resumo

Este artigo parte da hipótese de que, na narrativa Dois amores, publicada em 2019 por Paulo Lins, a representação do Rio de Janeiro é instrumentalizada pelo trânsito de dois persona- gens infantis. No texto, Dudu e Lulu são crianças que, ao longo de um dia, vendem balas pelas ruas da capital carioca para comprar um novo par de tênis que lhes garantiria uma boa apresentação diante das futuras namoradas no baile funk. Sob essa perspec- tiva, a cidade é representada a partir do deslocamento espacial dos meninos, o que coloca em questão, ainda, o modo como se dá o processo de apropriação dos espaços urbanos pelo pedes- tre. Tendo como ponto de partida a noção de “dialética da margi- nalidade”, proposta por João César de Castro Rocha (2006), esta reflexão aborda as práticas sociais e a violência reveladas pela narrativa, problematizada também a partir das características e dos limites da forma do conto em sua composição.

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Biografia do Autor

  • Juliana Santini, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)

    Livre-docente em Literatura Brasileira, professora associada junto ao Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários
    da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara.

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Publicado

2021-09-16