Entre o estético e o político

reflexões sobre o caráter contra-hegemônico da poesia slam

Autores

  • Laura Emilia Araujo Universidade Federal de Integração Latino-Americana
  • Aguimario Pimentel Silva Instituto Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.1.189-204

Palavras-chave:

Slam, Prática cultural, Poesia falada

Resumo

Em anos recentes, a poesia slam alcançou um espaço notável no Brasil, enquanto modalidade de produção literária. Intimamente conectada à realidade sociocultural de grupos periféricos e historicamente subalternizados, ela se apresenta, sobretudo, como uma forma de resistência. Este trabalho pretende, a partir do campo dos Estudos Culturais, principalmente por meio dos estudos da colonialidade, evidenciar a poesia slam como uma prática cultural de caráter contra-hegemônico, marcada, com base em Mignolo (2008), enquanto uma forma de “desobediência epistêmica”. A discussão é empreendida, ainda, com base em autores como Glissant (2005), Curiel (2020), Lugones (2020), Evaristo (2019), Taylor (2016), entre outros. Para a construção do debate, são tomados alguns textos da coletânea Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (2019), organizada pela poeta Mel Duarte e composta de textos de diferentes mulheres slammers. Verifica-se que a poesia slam adquire seu caráter contra-hegemônico numa intersecção necessária de fatores estéticos e políticos, colocando-se como resistência em relação a discursos historicamente legitimados.

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Biografia do Autor

  • Laura Emilia Araujo, Universidade Federal de Integração Latino-Americana

    Mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Foz do Iguaçu – Paraná). Especialista em Linguagem e Práticas Sociais pelo Instituto Federal de Alagoas (Arapiraca - Alagoas).

  • Aguimario Pimentel Silva, Instituto Federal de Alagoas

    Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (Recife - Pernambuco). Professor do Programa de Pós-graduação em Linguagem e Práticas Sociais (PPGLPS/IFAL).

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Publicado

2024-03-06