Barão de Paranapiacaba
um tradutor dos clássicos no crepúsculo da monarquia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.2.182-207Palavras-chave:
tradução, Barão de Paranapiacaba, D. Pedro IIResumo
A hipótese central do artigo é de que as mais de 30 páginas destinadas ao Barão de Paranapiacaba por Sílvio Romero em seu livro História da Literatura Brasileira (1888) parecem ser um exemplo de como o estudo e a tradução das letras clássicas foram vinculados pejorativamente à Monarquia brasileira decadente, e, por causa disso, fortemente desvalorizados nos primeiros anos da República. O Barão, segundo Romero, “teve sempre veleidades clássicas”. Apesar da dura crítica de Sílvio Romero, Paranapiacaba fez duas versões poéticas da tragédia Prometeu Acorrentado de Ésquilo, a partir de uma tradução em prosa feita por D. Pedro II (PARANAPIACABA, 1907). Nas páginas que se seguem, também serão analisadas algumas passagens de uma dessas versões, argumentando-se que há qualidades literárias perceptíveis nessa versão, e que poderiam servir, de certo modo, para refutar a opinião de Sílvio Romero de que “o Barão de Paranapiacaba não é, nem foi jamais, um temperamento poético”.
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