A Maçã no Escuro, de Clarice Lispector

o silêncio, o informe e a pulsão selvagem

Autores

  • Fabrício Lemos da Costa Universidade Federal do Pará (UFPA)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.3.33-58

Palavras-chave:

A maçã no escuro, Clarice Lispector, Silêncio, Informe, Selvagem

Resumo

Este artigo tem como objetivo abordar a crise da representação no romance A maçã no escuro (1961), de Clarice Lispector (1920-1977), perfazendo-se por meio das tópicas do silêncio, do informe e da pulsão selvagem. Para isso, apontaremos marcas de um drama da linguagem na narrativa, de acordo com o projeto estético moderno, que se desenvolve no conjunto ficcional da autora, isto é, quando a ficção encontra-se no seu limite. Nessa perspectiva, o narrar coloca-se por meio de imagens que evocam o inexpressivo e a desorganização do sujeito. Em nossa reflexão, tais questões evidenciar-se-ão, sobretudo, em silêncios que nascem da aproximação entre o personagem Martim e o selvagem. No que tange ao informe associado ao selvagem e ao inexpressivo, dialogaremos principalmente com Georges Bataille (2018) e Evando Nascimento (2012).

Biografia do Autor

  • Fabrício Lemos da Costa, Universidade Federal do Pará (UFPA)

    Doutorando em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (Belém-PA).

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Publicado

2024-12-01

Edição

Seção

Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias