O machado de Xangô e o fio de contas da memória

ancestralidade, diglossia cultural e a resistência das mulheres de Água de barrela

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.29.1.64-83

Palavras-chave:

literatura afro-brasileira, religião, memória

Resumo

Este estudo se concentra no romance histórico Água de barrela (2018), de Eliana Alves Cruz. Nesta narrativa, que mescla ficção, memória, história e testemunho, a autora reconstrói episódios da his- tória de sua família, desde a vinda forçada dos antepassados, do Reino de Oió, África, percorrendo pelas vidas de seus descendentes, no Recôncavo Baiano, e posteriormente em Salvador e no Rio de Janeiro. Por meio da sustentação em elementos da raiz cultural africana e de suas relações com a ordem cultural do colonialismo ainda vigentes, as mulheres dessa família, retratadas na obra, estabelecem diferentes estratégias de sobrevivência e resistência perante o contínuo de intolerância, racismo e desigualdade que marca a história brasileira. Com base em estudos sobre diglossia cultural, memória e identidade de autores como Lienhard (2008), Sant’Anna (2006) ou Akotirene (2018), é tecida aqui uma análise da construção dessas personagens, buscando compreender como se expressam, por meio da literatura, aspectos culturais negligenciados pela história oficial hegemônica, e como estes se reconfiguram artisticamente por meio de processos mnemônicos e identitários.

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Biografia do Autor

  • Laura Fratucci Frias

    Mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Foz do Iguaçu – PR.

  • Emerson Pereti, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

    Doutor em Letras – Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e docente do Instituto Latino-Americano de Artes, Cultura e História, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Foz do Iguaçu – PR.

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Publicado

2024-03-06