Algumas verdades e mentiras sobre os Estudos Clássicos no Brasil

Autores

  • Rafael Guimarães Tavares da Silva Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.2.131-150

Palavras-chave:

Estudos Clássicos no Brasil, História dos Estudos Clássicos, Crise

Resumo

A constatação de crise na área de Estudos Clássicos tem estado em voga desde meados do século XX (ou mesmo antes), embora essa tendência tenha se radicalizado vertiginosamente nos últimos anos, devido em grande parte aos debates educacionais sobre cultura, política, economia e sociedade, incluindo temas polêmicos interrelacionados, como gênero, raça, classe e sexualidade. Enquanto há quem denuncie a decadência na qualidade do ensino, das pesquisas e das publicações, há também quem critique o conservadorismo de certos pressupostos assumidos por uma área dedicada ao estudo das civilizações antigas que ainda desfrutam do status de “clássicas” em nossa sociedade e que frequentemente se limitam aos gregos e romanos (no masculino). Diante desse quadro, o que pensar sobre os Estudos Clássicos no Brasil? Quem são as pessoas que se dedicam à pesquisa, ao ensino e ao estudo da Antiguidade clássica em nosso país? O que pensam e como avaliam sua área hoje? Partindo de um levantamento de dados ainda inédito — por meio de uma pesquisa de opinião e análises quantitativas de dados —, pretendo esboçar um panorama sobre essas questões a fim de desmistificar algumas impressões, modalizar outras e oferecer balizas mais seguras para quem queira refletir criticamente sobre a área no Brasil de 2021.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rafael Guimarães Tavares da Silva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Doutorando em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte, Minas Gerais).

Referências

ADLER, Eric. Classics, the Culture Wars, and Beyond. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2016.

ADLER, Eric; CALVERT, Jones. What Do Classicists Think? Perspectives on Politics, Scholarship, and Disciplinary Crisis. The American Philological Association, vol. 149, n. 2, 2019, p. 89-116.

ANDRADE, Érico. Parece democrática, mas é autoritária: A universidade precisa aprender a lidar, na prática, com as desigualdades estruturais do Brasil. piauí, 9 fev. 2021. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/parece-democratica-mas-e-autoritaria/>. Acesso em 15 mar. 2021.

ARAÚJO, Ernesto. Trump e o Ocidente. Cadernos de Política Exterior, vol. 3, n. 6, 2017, p. 323-357.

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Trad. Maura W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2016 [orig. 1954].

ARROWSMITH, William (1963a). Nietzsche on Classics and Classicists. Arion, Vol. 2, N. 1, p. 5-18.

ARROWSMITH, William (1963b). Nietzsche on Classics and Classicists (Part II). Arion, Vol. 2, N. 2, p. 5-27.

AUGUSTO, Maria das Graças de Moraes. A tradição da retórica clássica no Brasil: entre a filosofia e a poesia. In: ASSUNÇÃO; T. R.; FLORES-JÚNIOR, O.; MARTINHO, M. (orgs.). Ensaios de retórica antiga. Belo Horizonte: Tessitura, 2010, p. 313-350.

AUGUSTO, Maria das Graças de Moraes. Politeía tropical: a recepção dos clássicos, a tradição política no Brasil do século XIX e a tradução das Categorias aristotélicas por Silvestre Pinheiro Ferreira. In: SILVA, Maria de Fátima; AUGUSTO, Maria das Graças de Moraes (orgs.). A recepção dos Clássicos em Portugal e no Brasil. Coimbra; Imprensa da Universidade de Coimbra; Annablume Editora, 2015, p. 15-68.

BERNAL, Martin. Black Athena: The Afroasiatic Roots of Classical Civilization. Vol. 1. The Fabrication of Ancient Greece, 1785–1985. New Brunswick, NJ: Rutgers University Press, 1987.

BLOOM, Allan. The Closing of the American Mind: How Higher Education Has Failed Democracy and Impoverished the Souls of Today’s Students. New York: Simon and Schuster, 1987.

BOUINEAU, Jacques. (Org.). L’Avenir se prépare de loin. Paris: Les Belles Lettres, 2018.

BRANDÃO, Jacyntho Lins. Estudos Clássicos no Brasil. In: PONCE HERNÁNDEZ, Carolina; ROJAS ÁLVAREZ, Lourdes (Coord.). Estudios Clásicos en América en el Tercer Milenio. Facultad de Filosofía y Letras: Universidad Nacional Autónoma de México, 2006, p. 49-68.

BROSE, Robert de (ed.) (2018). Pervivência Clássica: interfaces entre tradução e recepção dos Clássicos. Belo Horizonte: Moinhos.

CARDOSO, Zélia A. O percurso dos Estudos Clássicos no Brasil. Classica – Revista Brasileira de Estudos Clássicos, vol. 27, n. 1, p. 17-35, 2014.

CHEVITARESE, André Leonardo; CORNELLI, Gabriele; SILVA, Maria Aparecida de Oliveira (Orgs.). A Tradição Clássica e o Brasil. Brasília: Fortium, 2008.

COLE, Susan Guettel. Taking Classics into the Twenty-First Century: A Demographic Portrait. In: CULHAM, Phyllis; EDMUNDS, Lowell (eds.). Classics: A Discipline and Profession in Crisis? Lanham, MD: University Press of America, 1989, p. 15-23.

CORRÊA, Paula da Cunha. Classical Studies in Brazil. Classical Bulletin, 2001, 77.2, p. 216-239.

CULHAM, Phyllis; EDMUNDS, Lowell (eds.). Classics: A Discipline and Profession in Crisis? Lanham, MD: University Press of America, 1989.

CUSSET, François. French Theory: Foucault, Derrida, Deleuze & Cie et les mutations de la vie intellectuelle aux États-Unis. Paris: Éditions La Découverte, 2003.

DEZOTTI, Maria Celeste Consolin; NEVES, Maria Helena de Moura. Os Estudos Clássicos nas Universidades Brasileiras. Euphrosyne, Lisboa, v. 15, 1987, p. 343-355.

DUARTE, Adriane da Silva (2016). Por uma história da tradução dos clássicos greco-latinos no Brasil. Translatio, 12, 43-62.

FERNANDES, Thaís (2017). A Literatura Latina no Brasil: Uma história de traduções. 205f. Tese (Estudos da Tradução). Letras, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis.

FUNARI, Pedro Paulo; SILVA, Glaydson José; MARTINS, Adilton Luís (Org.) (2008). História antiga: Contribuições brasileiras. São Paulo: Annablume; Fapesp.

HALLETT, Judith; NORTWICK, Thomas Van (eds.). Compromising Traditions: The personal voice in classical scholarship. London; New York: Routledge, 1997.

HANSON, Victor Davis; HEATH, John. Who Killed Homer?: The Demise of Classical Education and the Recovery of Greek Wisdom. New York; London; Toronto; Sydney; Singapore: The Free Press, 1998.

HARTMAN, Andrew. A War for the Soul of America: A History of the Culture Wars. Chicago; London: The University of Chicago Press, 2015.

HUMMEL, Pascale (2000). Histoire de l’histoire de la philologie: Étude d’un genre épistémologique et bibliographique. Genève : Librairie Droz, 2000.

LIMA, Elizabeth Araújo et alii. Diálogos possíveis: É preciso ampliar o debate acadêmico para escapar das lógicas binárias que produzem os conflitos entre estudantes e professores. piauí, 17 fev. 2021. Disponível em: . Acesso em 15 mar. 2021.

MORLEY, Neville. Classics: Why it matters? Cambridge: Polity Press, 2018.

NIMIS, Steve. Fussnoten: Das Fundament der Wissenschaft. Arethusa, vol. 17, n. 2, 1984, p. 105-134.

OLIVEIRA, Flávio Ribeiro (2014). Sobre a pertinência do estudo de Letras Clássicas no Brasil contemporâneo. Remate de Males, vol. 34, n. 2, p. 625-631.

OLIVEIRA, Marcus Aurélio Taborda. Nem revolucionários nem neoliberais: Dialogar com os alunos à luz das demandas atuais é essencial para o futuro da universidade pública. piauí, 11 fev. 2021. Disponível em: . Acesso em 15 mar. 2021.

ORDINE, Nuccio. A utilidade do inútil: um manifesto. Trad. Luiz Carlos Bombassaro. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2016 [orig. 2013].

READINGS, Bill. University in ruins. Cambridge; London: Harvard University Press, 1996.

ROCHA, João Cezar de Castro. Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político. Goiânia: Editora e Livraria Caminhos, 2021.

ROCHA, Roosevelt Araújo, Jr. (2019). Por que o Brasil precisa dos Estudos Clássicos. Em Tese, 25.1, p. 203-209.

SANTOS, José Amarante, Sobrinho. Dois tempos da cultura escrita em latim no Brasil: o tempo da conservação e o tempo da produção. 2013. 315 f. Tese (Pós-graduação em Língua e Cultura do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia). Salvador. 2013.

VIEIRA, Brunno V. G.; THAMOS, Marcio (orgs.). Permanência Clássica: visões contemporâneas da antiguidade greco-romana. São Paulo: Escrituras Editora, 2011.

TUFFANI, Eduardo. Os estudos latinos no Brasil. Classica – Revista Brasileira de Estudos Clássicos, v. 13/14, 2000/ 2001, p. 393-402.

TUFFANI, Eduardo. Repertório brasileiro de língua e literatura latina (1830-1996). Cotia: Íbis, 2006.

WAGNER, Richard. Carta aberta a Friedrich Nietzsche, publicada no Norddeutsche Allgemeine Zeitung de 23 de junho de 1872. In: MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polêmica sobre ‘O nascimento da tragédia’. Texto de Rohde, Wagner e Wilamowitz-Möllendorf. Trad. Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005, p. 79-86.

WOLF, Eduardo. Luta pela alma do Brasil. Revista Veja, 30 nov. 2018. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/politica/ luta-pela-alma-do-brasil/>. Acesso em 15 mar. 2021.

Downloads

Publicado

2021-11-20