Do silêncio ao remendo

a gambiarra em Como se estivéssemos em um palimpsesto de putas, de Elvira Vigna

Autores

  • Laura Gomes dos Santos Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.3.160-174

Palavras-chave:

gambiarra, mulheres, precariedade, narradora, remendo

Resumo

Neste artigo, aproximamos o conceito de gambiarra da obra Como se estivéssemos em um palimpsesto de putas, de Elvira Vigna. Para tal, fizemos uma revisão bibliográfica do termo, sobretudo a partir de Sabrina Sedlmayer (2019), Rodrigo Boufleur (2013) e Lisette Lagnado ([s/d]). A partir dessa incursão teórica, abordamos a gambiarra no romance de Vigna como signo de precariedade e como tática narrativa de transgressão. No primeiro caso, percebemos que a gambiarra enquanto solução prática para problemas cotidianos aparece como marca do ambiente e da situação nos quais estão inseridas as prostitutas no romance. Quanto ao segundo aspecto, consideramos que a narradora do romance utiliza a gambiarra enquanto tática narrativa para suprir os silêncios ou informações enviesadas a fim de reparar o discurso que ouve de João: enquanto ele desumaniza e objetifica mulheres em seu relato, a narradora faz o caminho oposto utilizando-se de sua gambiarra narrativa.

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Biografia do Autor

  • Laura Gomes dos Santos, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, na área Literaturas Modernas e Contemporâneas e linha de
    pesquisa Literatura, outras Artes e Mídias.

Referências

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Publicado

2021-12-21

Edição

Seção

Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias