THE MARIE CURIE CASE THROUGH THE LENS OF THE CULTURAL HISTORY OF SCIENCE: DISCUSSING RELATIONS BETWEEN WOMEN, SCIENCE AND PATRIARCHY IN SCIENCE EDUCATION

O CASO MARIE CURIE PELA LENTE DA HISTÓRIA CULTURAL DA CIÊNCIA: DISCUTINDO RELAÇÕES ENTRE MULHERES, CIÊNCIA E PATRIARCADO NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

Autores

  • NATASHA OBEID EL JAMAL Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) https://orcid.org/0000-0002-5988-7158
  • ANDREIA GUERRA Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - Cefet/RJ

DOI:

https://doi.org/10.1590/1983-21172022240107

Palavras-chave:

Mulheres na ciência, Patriarcado, Educação em ciências

Resumo

A pesquisa aqui apresentada foi construída na premissa que a educação em ciências deve superar um ensino voltado à aprendizagem de conceitos científicos, indo em direção a uma educação crítica e conectada com questões políticas da modernidade, como as relações entre ciência e patriarcado. A partir da recorrência na literatura de Marie Curie como exemplo de mulher na ciência, desenvolvemos a pesquisa com vistas a responder a seguinte questão: quais condições possibilitaram Marie Curie a participar da ciência e como a compreensão dessas condições permite caminhos na educação em ciências capazes de promover discussões a respeito dos baixos números de exemplos femininos na história da ciência. Com base em referenciais da educação em ciências e da História Cultural da Ciência, construímos subsídios para responder à pergunta de pesquisa, apontando que trazer exemplos de mulheres na ciência é insuficiente para uma suposta representatividade feminina. Isso porque a visibilidade de uma cientista depende de suas condições de participar das práticas científicas e, portanto, para termos mais mulheres na ciência, as condições estruturais para elas trabalharem devem ser ampliadas.

This study was developed from the perspective that science education must overcome teaching that focuses on scientific concepts, moving towards critical science education connected with the current political issues, as the relations between science and patriarchy. Marie Curie is a recurrent example in the literature of a woman in science. From this, we develop a study to answer the question: what conditions enabled Marie Curie to participate in science, and how the understanding of these conditions allows discussions in science education about the low occurrence of female examples in the history of science. Based on the Cultural History of Science approach and references from science education, the results indicate that discussing female scientist examples is insufficient to a female representation in science. The visibility of women in science is linked to the conditions to participate in scientific practices. Therefore, the structural conditions need to be expanded to have more women doing science.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Avraamidou, L. (2019) “I am a young immigrant woman doing physics and on top of that I am Muslim”: Identities, intersections, and negotiations. Journal of Research in Science Teaching, 57(3), 1-31. https://doi.org/10.1002/tea.21593» https://doi.org/10.1002/tea.21593

Becquerel, H. (1896). Emission de radiations nouvelles par l’uranium metallique. Comptes Rendus de l’Académie des Sciences Paris, 122, 1086-1088.

Biroli, F. (2018) Gênero e desigualdades: Limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo.

Brickhouse, N., Lowery, P., & Schultz, K. (2000). What Kind of a Girl Does Science? The Construction of School Science Identities. Journal of Research in Science Teaching, 37(5), 441-458. https://doi.org/10.1002/(SICI)1098-2736(200005)37:5<441::AID-TEA4>3.0.CO;2-3» https://doi.org/10.1002/(SICI)1098-2736(200005)37:5<441::AID-TEA4>3.0.CO;2-3

Brickhouse, N. (1994). Bringing in the outsiders: reshaping the sciences of the future. Journal Curriculum Studies, 26(4), 401-416. https://doi.org/10.1080/0022027940260404» https://doi.org/10.1080/0022027940260404

Burke, P. (2008) O que é história cultural? Rio de Janeiro: Zahar.

Carlone, H. B., Johnson, A., & Scott, C. (2015). Agency amidst formidable structures: How girls perform gender in science class. Journal of Research in Science Teaching, 52, 474-488. https://doi.org/10.1002/tea.21224» https://doi.org/10.1002/tea.21224

Cordeiro, M. D. (2020). Reflexões da história do patriarcado para esses tempos de pós-verdade. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 37(3), 1374-1403. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2020v37n3p1374» https://doi.org/10.5007/2175-7941.2020v37n3p1374

Cordeiro, M. D., & Peduzzi, L. (2010). As conferências Nobel de Marie e Pierre Curie: a gênese da radioatividade no ensino. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 27(3), 473-514. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2010v27n3p473» https://doi.org/10.5007/2175-7941.2010v27n3p473

Curie, M. (1898) Rayons émis par les composés de l’uranium et du thorium. Comptes Rendus de l’Académie des Sciences Paris, 126.

Curie, M. Diários de Marie Curie (1906). Apêndice. In: Montero, R. A ridícula ideia de nunca mais te ver (pp. 189-205). São Paulo: Todavia.

Curie, M. (1911). Marie Curie - Nobel Lecture 1911 Disponível em https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/1911/marie-curie/lecture/ >. Acesso em: 9 ago. 2020.» https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/1911/marie-curie/lecture/

Curie, P. (1905). Pierre Curie - Nobel Lecture 1905 Disponível em https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1903/pierre-curie/lecture/ >. Acesso em: 04 nov. 2020.» https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1903/pierre-curie/lecture/

El Jamal, N; Guerra, A. (2021). O Lado Invisível da História da Ciência. Discutindo a ausência de mulheres na Ciência por meio da visibilidade de Marie Curie na Educação em Ciências. (Dissertação Mestrado). Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro.

El Jamal, N; Guerra, A. (2020). O lado invisível na história da ciência: uma revisão bibliográfica sob perspectivas feministas para a educação em ciências. Revista Debates em Ensino de Química, 6(2), 311-333.

Federici, S. (2019) Mulheres e caça às bruxas: da Idade Média aos dias atuais. São Paulo: Boitempo.

Fyfe, A. Journals and Periodicals(2016). In: Lightman, B. (ed.), A Companion to the History of Science (pp. 387-400). Oxford: Wiley Blackwell.

Gooding, D. Putting Agency Back into Experiment (1992). In: Pickering, A. (ed.), Science as a Practice and Culture (pp. 65-113). Chicago: The University of Chicago Press.

Harding, S. (2015). Objectivity and Diversity: Another Logic of Scientific Research Chicago: The University of Chicago Press .

Hodson, D. (2010). Science education as a call to action. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, 10(3), 197-206. https://doi.org/10.1080/14926156.2010.504478» https://doi.org/10.1080/14926156.2010.504478

Hodson, D., & Wong, S. L. (2017). Going beyond the consensus view: Broadening and enriching the scope of NOS-oriented curricula. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, 17(1), 3-17. https://doi.org/10.1080/14926156.2016.1271919» https://doi.org/10.1080/14926156.2016.1271919

Keller, E. F. (1985). Reflections on gender and science New Heaven: Yale University Press.

Kirby, D. A. Film, Radio, and Television (2016). In: Lightman, B. (ed.), A Companion to the History of Science (pp.428-443). Oxford: Wiley Blackwell.

Livingstone, D. (2003). Putting Science in its Place, Geographies of Scientific Knowledge Chicago: The University of Chicago Press, 2003.

Luz, C. (2004). Como o Código Civil Francês se adaptou ao longo do tempo. Revista da EMERJ, 7(26), 24-35.

Martins, R. (1998a). A descoberta dos Raios X: O primeiro comunicado de Röntgen. Revista Brasileira de Ensino de Física, 20(4), 373-390.

Martins, R. (1998b). A descoberta da radioatividade. In: SANTOS, Carlos Alberto. Da Revolução Científica à Revolução Tecnológica (pp.29-49). Porto Alegre: Instituto de Física da UFRGS.

Mayeur, F. (2007). Les territoires d’une historienne. Histoire de l’éducation (online), 115-116. https://doi.org/10.4000/histoire-education.1418» https://doi.org/10.4000/histoire-education.1418

Moulinier, P. (2002). La Naissance de l’étudiant moderne (XIXe siècle). Histoire de l’éducation (online), 110-113. https://doi.org/10.4000/histoire-education.492» https://doi.org/10.4000/histoire-education.492

Moura, C. B., & Guerra, A. (2016). História Cultural da Ciência: Um Caminho Possível para a Discussão sobre as Práticas Científicas no Ensino de Ciências? Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 16(3), 725-748.

Nyhart, L. K. Historiography of the History of Science. (2016). In: Lightman, B. (ed.), A Companion to the History of Science (pp.7-22). Oxford: Wiley Blackwell.

Opitz, D. L. Domestic Space (2016). In: Lightman, B. (ed.), A Companion to the History of Science (pp.252-267). Oxford: Wiley Blackwell.

Owens, T. (2009). Going to school with Madame Curie and Mr. Einstein: gender roles in children’s science biographies. Cultural Studies of Science Education, 4(4), 929-943. https://doi.org/10.1007/s11422-009-9177-6» https://doi.org/10.1007/s11422-009-9177-6

Pasachoff, N. (1996). Marie Curie and the Science of Radioactivity Oxford: Oxford University Press.

Perrot, M. (1995) Escrever Uma História Das Mulheres: relato de uma experiência. Cadernos Pagu, (4), 9-28.

Perrot, M. (2006). Os Excluídos da História: Operários, Mulheres, Prisioneiros. São Paulo: Paz e Terra.

Picard, E. (2010) A história do ensino superior francês: por uma abordagem global. Revista Educação, 33(2), 145-155.

Pimentel, J. (2010). ¿Qué es la historia cultural de la ciencia? Arbor Ciência, Pensamento y Cultura, 186(743), 417-424. https://doi.org/10.3989/arbor.2010.743n1206» https://doi.org/10.3989/arbor.2010.743n1206

Pugliese, G. (2012). Sobre o “Caso Marie Curie”: a Radioatividade e a Subversão do gênero. Santa Catarina: Alameda.

Quinn, S. (1997). Marie Curie: uma vida São Paulo: Scipion.

Rudolph, J. L., & Horibe, S. (2016) What do we mean by science education for civic engagement? Journal of Research on Science Teaching, 53(6), 805-820. https://doi.org/10.1002/tea.21303» https://doi.org/10.1002/tea.21303

Saffioti, H. (2015). Gênero, Patriarcado, Violência São Paulo: Expressão Popular.

Schiebinger, L. (2001). O Feminismo Mudou a Ciência? Bauru: Editora da Universidade Sagrado Coração.

Schiebinger, L. (1989). The Mind Has no Sex? Women in the Origins of Modern Science Harvard University Press.

Sigrist, N. T. (2009). Mulheres e a Universidade na França, 1860-1914. Histoire de l’éducation (online), 53-70.

Terrall, M. (1995) Gendered Spaces, Gendered Audiences: Inside and Outside the Paris Academy of Sciences. Johns Hopkins University Press, 3(2), 207-232.

Weisz, G. (1983). The Emergence of Modern Universities in France: 1863-1914 New Jersey: Princeton University Press.

Publicado

2022-03-28

Edição

Seção

RELATOS DE PESQUISAS / RESEARCH REPORTS