Pequenos times, grandes disputas conflito, controle e fama em um time de futebol sul-mineiro
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O presente trabalho buscou abordar o futebol como um fenômeno social e o encarou como parte de um processo social mais amplo. Para este empreendimento, realizamos etnografia com jogadores, dirigentes e torcedores do Catanga Futebol Clube, time de futebol amador de Passa Quatro, região sul-mineira. Foi possível compreender como essa coletividade participava ativamente de dinâmica que envolvia operações de mapeamento, em que esses sujeitos se mantinham sempre atentos às ações e aos acontecimentos, sob os contornos de sociabilidade agonística que reforçava uma conflitividade latente, cujos embates de reputação orientavam aspectos desses personagens em narrativas sociais. Assim, na condição de representantes de uma localidade marginalizada na cidade, o time de futebol se tornou fonte de respeitabilidade e oportunidade de demonstrar o valor daquele lugar – o bairro era ressignificado pelo futebol por meio dos conflitos da torcida.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito Acesso Livre).
Referências
BRASIL. IBGE. Censo Demográfico, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3Bfon4m. Acesso em: 20 ago. 2020.
COMERFORD, J. Como uma família: sociabilidades, territórios de parentesco e sindicalismo rural. Rio de Janeiro: Relume Dumará – Núcleo de Antropologia da Política/UERJ, 2003.
DAINESE, G. Chegar à Terceira Margem: um caso de prosa, paixões e maldade. Anuário Antropológico/2014, Brasília, UnB, 2015, v. 40, n. 1, p. 233-255, 2015.
DAMATTA, R. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
DAMO, A. Do dom à profissão: Uma etnografia do futebol espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França. 2005. Tese (Doutorado em Antropologia Social), UFRGS, Porto Alegre, 2005.
DAMO, A. S. Futebol e antropologia. In: GIGLIO, S. SETTANIS. PRONI, M. W. (org.). O futebol nas ciências humanas no Brasil. Campinas: Editoria Unicamp, 2020.
DAMO, A. S. Senso de Jogo. Universidade de Santa Cruz do Sul, Esporte e Sociedade, n. 1, nov. 2005/fev. 2006.
GLUCKMAN, M. Rituais de rebelião no sudeste da África. Série Tradução, Brasília, v. 1, n. 3, s. p., 2011.
KESSLER, C. S. “Torcedor joga na palavra”: uma etnografia em jogos de equipes de futebol de mulheres de Porto Alegre/RS. In: KESSLER, C. S.; COSTA, L. M. da; PISANI, M. da S. As mulheres no universo do futebol brasileiro. Santa Maria: Editora UFSM, 2020.
MAUSS, M. O ensaio sobre a dádiva. Cosac & Naify, 2013.
MAGNANI, J. G. C. Da periferia ao centro: pedaços & trajetos. Revista de Antropologia, v. 35, p. 191-203, 1992.
MAGNANI, J. G. C. Festa no Pedaço: Cultura popular e lazer na cidade. São Paulo: Hucitec, UNESP, 2003.
MOSSRI, P. Apostila Passa Quatro. 1995.
PEREIRA, L. P. As vicissitudes da fama: os dons divinos e os pactos demoníacos entre os tocadores de viola de dez cordas do norte e noroeste mineiro. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 55, n. 2, 2012.
SALES, J. R. A tromba-d’água de 1956 em Passa Quatro/MG: perfil socioeconômico das vítimas fatais. Varginha, 2011.
SPAGGIARI, E. Família joga bola: constituição de jovens futebolistas na várzea paulistana. 2015. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2015.
SPAGGIARI, E. Futebol e antropologia, um jogo etnográfico “de categoria”. In: GIGLIO, S. S.; PRONI, M. W. (org.). O futebol nas ciências humanas no Brasil. Campinas: Editoria Unicamp, 2020.
TOLEDO, L. H. Torcidas organizadas de futebol. Campinas: Anpocs, 1996.