Grupos reflexivos sobre a conduta no trânsito no âmbito das alternativas penais

Autores

Palavras-chave:

Processos grupais, Análise institucional, Alternativas penais, Trânsito, Álcool

Resumo

A embriaguez ao volante amplia a vulnerabilidade aos acidentes de trânsito, constituindo-a como um delito de trânsito. Este artigo pretende apresentar a experiência do projeto blitz – grupos reflexivos com pessoas que cometeram delitos de trânsito, discutindo as contribuições das ferramentas da perspectiva institucionalista para a condução e análise do processo grupal. Este projeto de extensão é desenvolvido no contexto das alternativas penais, sendo orientado pela perspectiva institucionalista. Para este relato, foram considerados os dois primeiros ciclos do projeto, desenvolvidos em 2017 e 2018, cada um com 8 encontros grupais, com frequência mensal, conduzidos pelas áreas de Psicologia e Direito. São apresentadas três linhas de análise que emergiram a partir de questões mobilizadoras e evidenciam tensionamentos de forças. Na primeira, destacamos as contribuições de técnicas grupais para fomentar um viés participativo e reflexivo, tensionando abordagens prescritivas e informativas. Na segunda, destacamos analisadores que evidenciam instituídos referentes às relações humanas no trânsito e os tensionamentos promovidos no grupo. Por fim, discutimos o desafio da constituição de uma perspectiva que fomente a cogestão e a análise de implicação, tensionando a heterogestão. Esta experiência realça contribuições da Psicologia para o deslocamento da ênfase punitivista para um viés reflexivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Afonso, M. L. (Org.). (2010). Oficinas em dinâmica de grupo na área da saúde. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Barbarini, N., & Martins, D. F. W. (2018). Masculinidade como instituição: uma análise conceitual do “ser homem” no Brasil. Psicologia Argumento, 36(92), 216-236, abr./jun.

Balbinota, A. B, Zarob, M. A, & Timm, I. M. (2011). Funções psicológicas e cognitivas presentes no ato de dirigir e sua importância para os motoristas no trânsito. Ciências & Cognição, 16(2), 13–29.

Baremblitt, G. (2002). Compêndio de análise institucional e outras correntes (5a ed.). Belo Horizonte: Record.

Barros, R. B. (1997). Dispositivos em ação: o grupo. In R. B. Barros et al. (Orgs.). SaúdeLoucura 6 – Subjetividade: questões contemporâneas (pp. 183 – 191). São Paulo: Hucitec.

Bicalho, P. P. G., Kastrup, V., & Reishoffer, J. C. (2012). Psicologia e Segurança Pública: invenção de outras máquinas de guerra. Psicologia & Sociedade, 24(1), 56-65.

Brasil. (2009). Gestão participativa e cogestão. Brasília (DF): Ministério da Saúde.

Brasil. (2010). Política Nacional de Humanização - HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS (4. ed.). Brasília (DF): Ministério da Saúde.

Cuffa, M. (2012). Percepção e comportamento de risco de beber e dirigir: um perfil do universitário de Curitiba. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil.

Departamento Penitenciário (Depen) da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária. (2014). Programa Patronato – Programa de Municipalização do Acompanhamento das Penas e Medidas Alternativas em Meio Aberto. Curitba: Depen. Recuperado em 23 setembro, 2018, de http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=217.

Foucault, M., & Deleuze, G. (1979). Os intelectuais e o poder – Conversa entre Michel Foucault e Gilles Deleuze. In M. Foucault. Microfísica do poder (pp. 69-78). Rio de Janeiro: Graal.

Guirado, M. (2009). Psicologia institucional: o exercício da Psicologia como instituição. Interação em Psicologia, 13(2), 323–333.

Guizardi, F. L., Lopes, M. R., & Cunha, M. L. S. (2015). Contribuições do Movimento Institucionalista para o estudo de políticas públicas de saúde. In R. A. Mattos & T. W. F. Baptista. Caminhos para análise das políticas de saúde (pp.319-346). Porto Alegre: Rede UNIDA.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE. (2013). Pesquisa Nacional de Saúde 2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Rio de Janeiro. Recuperado em 1º julho, 2018, de https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/PNS-2013_1.pdf.

Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. (1984) Institui a Lei de Execução Penal. Recuperado em 1º julho, 2018, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7210compilado.htm.

Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Recuperado em 1º julho, 2018, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503Compilado.htm.

Lourau, R. (1993). René Lourau na UERJ: Análise Institucional e práticas de pesquisa. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Melcop, A.G.T (2013). Trânsito sem álcool: mais seguro, mais justo, mais humano. In M. Niel, F.G. Moreira & D. X. Silveira (Orgs.). O uso e abuso de álcool (pp.67–83). São Paulo: Atheneu.

Meyer, D. E. E., Mello, D. F. de, Valadão, M. M., & Ayres, J. R. C. M. (2006). “Você aprende, a gente ensina?”: Interrogando relações entre educação e saúde desde a perspectiva da vulnerabilidade. Cadernos de Saúde Pública, 22(6), 1335–1342.

Moura, E. C., Malta, D. C., Neto, M., Libânio, O., Penna, G. O., & Temporão, J. G. (2009). Direção de veículos motorizados após consumo abusivo de bebidas alcoólicas, Brasil, 2006 a 2009. Revista de Saúde Pública, 43(5), 891–894.

Nascimento, A. S., & Garcia, M. L. T. (2009). Álcool e direção: uma questão na agenda política brasileira. Psicologia & Sociedade, 21(2), 213-222. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822009000200008.

Nascimento, A. S., & Menandro, P. R. M. (2016). Bebida alcoólica e direção automotiva: relatos de policiais militares sobre a “Lei Seca”. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(2), 411-425. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1982-370300067201.

ONU. (2006). The Handbook on Restorative Justice Programmes. New York: UN Publications.

Paiva, V. (2012). Cenas da vida cotidiana: metodologia para compreender e reduzir a vulnerabilidade na perspectiva dos direitos humanos. In V. Paiva, J. R. Ayres, & C. M. Buchalla (Orgs.). Vulnerabilidade e Direitos Humanos: prevenção e promoção da saúde – Livro 1 (pp.165-208). Curitiba: Juruá Editora.

Scott, J. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, 20(2), 71–99.

Downloads

Publicado

2024-04-28