A chegada do modelo neoliberal na América Latina a partir da década de 90 fez com que vários países impulsionassem um “processo de modernização” de suas economias, adotando o receituário definido pelo Consenso de Washington. No Equador, esse processo levou a uma profunda crise econômica e política, que culminou na dolarização do país. Na escala urbana, os processos de descentralização foram retomados, transferindo maiores obrigações aos municípios, ao mesmo tempo em que a onda de privatizações e a desregulamentação estatal possibilitaram que a cidade fosse cada vez mais ditada pelos interesses de mercado. Esse contexto impactou diretamente os investimentos sociais. No caso das políticas de habitação, que já eram direcionadas majoritariamente às classes médias, tem-se uma redução ainda mais drástica; por outro lado, os investimentos privados em habitação se centraram nas classes mais altas. A mercantilização da habitação impossibilitou que grande parte da população tivesse acesso a esse direito. Como consequência, as periferias cresceram de maneira desordenada e as desigualdades sociais aumentaram. As camadas populares tiveram que se organizar em torno da luta pela moradia e a ocupação de terras foi uma das estratégias para reivindicar seus direitos. Em defesa da propriedade privada, o Estado reprimiu violentamente essas manifestações. Nesse processo de lutas, diversas experiências foram idealizadas, entre elas está a Cooperativa Alianza Solidaria, que buscou promover um hábitat de qualidade a partir da recuperação de elementos culturais, do cooperativismo e da economia popular e solidaria, superando a visão mercantilizada da moradia.