O presente artigo estrutura-se em quatro partes. A primeira aborda brevemente o contexto histórico de luta por moradia e infraestrutura realizada pelos moradores da Vila Dique, bairro popular localizado na Zona Norte do município de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. A segunda situa a luta pela permanência dos moradores no atual contexto de produção do espaço neoliberal da cidade, potencializado pelos grandes eventos esportivos. A terceira trata de elucidar o panorama atual dos processos de planejamento urbano, bem como os canais de participação já existentes em Porto
Alegre, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA) e o Orçamento Participativo (OP), buscando relacionar a atuação desses canais com o processo que vem ocorrendo na comunidade, onde moradores conjuntamente com o escritório modelo EMAV - Práticas Participativas Populares, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e outros apoiadores, vêm dando corpo a um Plano Popular da Vila Dique. Discorremos também sobre o que entendemos ser um planejamento urbano participativo ou excludente e sobre organização e registros em projetos de extensão. A última parte aborda a construção da metodologia adotada para elaborar a primeira etapa do que seria um plano popular de urbanização que consiste de um diagnóstico para o entendimento coletivo da comunidade, descrevendo os passos e as abordagens pedagógicas utilizadas com o objetivo de tornar as dinâmicas participativas mais inclusivas e representativas.