Mestrando em Comunicação Social, linha de Pesquisa Processos Comunicativos e Práticas Social, pela FAFICH/UFMG. Graduado em Comunicação Social, Habilitação Publicidade e propaganda pela FAFICH/UFMG.
Nas esquinas sombrias da Avenida Pedro II de Belo Horizonte, corpos trans interpelam e são interpelados. Irrompem da experiência estética do fluxo cotidiano gerando pequenas crises (Gumbrecht, 2006). O processo de subjetivação das travestis e mulheres trans é marcado por uma ambiguidade de partilhas do sensível policial e política (RANCIÈRE, 2005). Essas vidas são marcadas pela precariedade (BUTLER, 1999, 2018) de serem excluídas da cidade, forçadas a viverem dentro do armário (SEDGWICK, 2007). Chambers (2010) reflete, por meio de Rancière, que o modelo de polis de Platão organiza a cidade de acordo com as funcionalidades de seus sujeitos. Os excessos, como filósofos e artistas, deveriam ser expulsos para garantir o seu bom funcionamento. Rancière (apud Chambers, 2010) percebe nos sem parte (RANCIÈRE, 2005) um potencial de geração de mudanças e com isso criação de partilhas políticas do sensível. Capaz de afetar e ser afetado, mudar e ser mudado, um corpo travesti em uma esquina irrompe na experiência citadina,mesmo sendo esse o único espaço que lhe cabe. A partir de narrativas de si transcritas no livro Translado (GERMAN, et al. 2018), o trabalho discute sobre como corpo pode instigar outros processos de subjetivação (RANCIÈRE, 2006) e ensejar outras partilhas do sensível (RANCIÈRE, 2005).
Referências
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