Ir para o menu de navegação principal Ir para o conteúdo principal Ir para o rodapé

Artigos

v. 3 n. 4 (2017): Revista Indisciplinar

Concreto Vivo: o direito à cidade em perspectiva

Enviado
março 26, 2021
Publicado
2017-10-01

Resumo

Este artigo traz à tona as tensões entre lugar de fala, performance e conteúdo testemunhal a partir da noção de bios midiático (SODRÉ, 2006) para investigar a construção de um outro discurso que não é público ou privado, livre ou institucional, mas de afeto, acesso e visibilidade na luta pelo direito à cidade lefebvriano. Como estudo de caso, a proposta de intervenção artística do português Alexandre Farto (Vhils) no Morro da Providência, região central da cidade do Rio de Janeiro, nos meses de setembro e outubro de 2012. A favela mais antiga do Brasil, que hoje sofre com desapropriações sistemáticas das camadas populares e descaracterização de patrimônios histórico-culturais em prol das obras de revitalização do Porto Maravilha à sombra dos megaeventos esportivos, faz-se expressão emblemática dos impactos da adoção de estratégias de planejamento do urbanismo do espetáculo (MARICATO, 2015) nos países em desenvolvimento. O artista utiliza sua estética do vandalismo para escancarar processos de gentrificação e de políticas públicas elitistas e excludentes, que atravessam um projeto de cidade corporativa (VAINER, 2013). Uma apropriação que, alheia ao capital, nutre genuinamente cenários em comum estado de degradação com valores sensíveis às faculdades humanas; um manifesto identitário legitimador que invoca, na beleza do concreto vivo (GUATTARI, 1992), cidades para cidadãos.

Referências

  1. BAITELLO JÚNIOR, Norval. A era da iconofagia. São Paulo: Paulus, 2014.
  2. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica. In: ADORNO, Theodor. Teoria da Cultura de Massa. São Paulo: Paz e Terra, 2000, p.221-254.
  3. FAULHABER, Lucas; AZEVEDO, Lena. Remoções no Rio de Janeiro Olímpico. Rio de Janeiro: Mórula, 2015.
  4. GAFFNEY, Christopher. Forjando os anéis: A paisagem imobiliária pré-Olímpica no Rio de Janeiro. In: E-Metrópoles: Revista Eletrônica de Estudos Urbanos e Regionais, Ano 4, n.15, dez.2013, p.6-20.
  5. GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Editora 34, 1992.
  6. LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 1968.
  7. MACHADO, Luiz Antônio. Fazendo a cidade: trabalho, moradia e vida local entre as camadas populares. Rio de Janeiro: Mórula, 2016.
  8. MARICATO, Ermínia. Para entender a crise urbana. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
  9. NASCIMENTO, Evando. Rastros, projetos e arquivos: por uma estética do século XXI. In: EYBEN, P; RODRIGUES, F W. (Orgs.). Derrida, escritura & diferença no limite ético-estético. Vinhedo: Horizonte, 2012, p.42-77.
  10. NEGRI, Antonio. Cinco lições sobre Império. Rio de Janeiro: DP&A, 2003
  11. RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
  12. RODRIGUES, Antônio Edmilson. História da Urbanização no Rio de Janeiro – A cidade capital do século XX. In: CARNEIRO, S; SANT’ANNA, M (Orgs.). Cidade: olhares e trajetórias. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p.85-119.
  13. MATTOS, Rômulo. Pelos pobres! As campanhas pela construção de habitações populares e o discurso sobre as favelas na Primeira República. Tese de Doutorado em História Social. Curso de PósGraduação em História, Universidade Federal Fluminense, 2008.
  14. SANT’ANNA, Maria José; PIO, Leopoldo. Megaeventos esportivos, dinâmica urbana e conflitos sociais: intervenções urbanas e novo desenho para a cidade do Rio de Janeiro. In: SANTOS, S; SANTA’ANNA, M. (Orgs). Transformações territoriais no Rio de Janeiro do século XXI. Rio de Janeiro: Grama, 2015, p.103-124.
  15. SARLO, Beatriz. A cidade vista – Mercadorias e culturas urbanas. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
  16. SODRÉ, Muniz. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis: Vozes, 2006.
  17. VAINER, Carlos. Quando a cidade vai às ruas. In: Cidades Rebeldes (Org. coletiva). São Paulo: Boitempo; Carta Maior, 2013, p.35-40.
  18. VALLADARES, Lícia. A invenção da favela: Do mito de origem a favela.com. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

Downloads

Não há dados estatísticos.