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Ensaio Gráfico

v. 5 n. 1 (2019): Revista Indisciplinar

Possibilidades e desafios de práticas insurgentes: o caso da comunidade do Poço da Draga, Fortaleza, Brasil

Enviado
março 29, 2021
Publicado
2019-07-01 — Atualizado em 2019-07-01

Resumo

A pesquisa busca compreender as possibilidades e os desafios de práticas insurgentes de moradores urbanos, diante dos conflitos de interesses e das disputas por poder de decisão sobre os territórios. Essa problematização considera que grande parte das deliberações de produção do espaço acontecem no âmbito das práticas institucionais, implementadas por órgãos de planejamento, sancionadas pelo Estado e frequentemente a serviço de interesses privados. Perante essa conjuntura, lutas urbanas coletivas, frente às expropriações do comum pelo Estado-capital, surgem como faíscas de esperança: seriam elas capazes de impulsionar mais justiça e igualdade em nossas cidades? Nesse cenário, a noção de planejamento insurgente — que denomina de planejamento as ações coletivas ocorridas fora das estruturas formais de representação — têm ganhado aceitação no debate teórico nacional e internacional, por radicalizar os processos democráticos e assegurar a atuação direta dos cidadãos na produção do espaço urbano. Através da investigação empírica do estudo de caso da comunidade Poço da Draga, a pesquisa busca levantar elementos relevantes que contribuam para o debate teórico e para a discussão não especializada sobre a atuação auto-organizada da sociedade civil no planejamento urbano. Nas últimas décadas, o planejamento estratégico, que preconiza a cidade-mercadoria, vem contribuindo para o agravamento das disputas territoriais em Fortaleza. Esse padrão de governança, ao atender aos interesses do capital, vem colocando em risco a manutenção de algumas comunidades situadas em áreas potencialmente lucrativas para o mercado imobiliário, como o Poço da Draga, que resiste à ameaça de remoção há décadas. Trata-se de um esforço etnográfico, cujos procedimentos metodológicos concentraram-se na observação participante, na elaboração e análise de diário de campo e de entrevistas semiestruturadas com diferentes atores sociais e resistências atuantes no território. A pesquisa sugere que, apesar dos entraves e das enormes assimetrias de poder político e econômico entre as diferentes classes sociais, as práticas insurgentes podem contribuir para a constituição de um bem comum urbano mais democrático.

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