O presente artigo é um desdobramento da dissertação de mestrado “A Ocupação e a produção de espaços biopotentes em Belo Horizonte: entre rastros e emergências”. Desenvolvido entre 2013 e 2015, o trabalho buscou investigar possíveis contribuições do acontecimento “A Ocupação” para o engendramento, no contexto de Belo Horizonte, de espaços biopotentes – ou modos de espacialização singulares, alternativos àqueles calcados na mera reprodução dos modelos de sujeição capitalísticos. “A Ocupação” ocorreu em 7 de julho de 2013. Na ocasião, artistas e movimentos sociais da cidade ocuparam, por meio de atividades culturais diversas, o baixio do Viaduto Santa Tereza. Articulado em rede, de forma colaborativa e autônoma, o acontecimento incluiu um conjunto complexo de pautas, atores e processos. De forma a nele buscar pistas para o traçado de outros espaços possíveis na cidade, um desafio metodológico se impôs logo de início: era preciso encontrar caminhos que não o esvaziassem de sua multiplicidade – característica na qual apostávamos residir, justamente, o seu caráter biopotente. Para tanto, utilizamos como parâmetro a ideia de cartografia, tal como proposta por Felix Guattari e Gilles Deleuze em sua obra Mil platôs (1995), e dividimos o trabalho em três eixos: “Pistas”, “Rastros” e “Emergências”. No presente artigo retomaremos o primeiro deles – dedicado, justamente, ao enfrentamento desse desafio metodológico. Nele apresentaremos os conceitos de rizoma, cartografia, Hódos-metá e transversalidade para, ao final, delinearemos as táticas utilizadas para a realização, no âmbito do estudo de “A Ocupação”, do que chamamos “coprodução transversal”.