Dia de Glória propõe micro ações estético-poético-políticas capazes de provocar um desequilíbrio temporário ou, ao menos, uma mínima sensação de instabilidade no que já se encontra estabelecido. Acreditamos que essa arte participativa do “ombro a ombro”, vivida por artistas e público nas ruas do bairro da Glória, contribua para tirar o pensamento dos rumos habituais que nos prendem nos modelos hegemônicos e nos permita imaginar outras possibilidades de arrumação. O entorno da Casa de Estudos Urbanos concentra diversos sujeitos ainda hoje considerados “marginais” aos padrões da sociedade, como as travestis, as prostitutas, os andarilhos, e a população em situação de rua. Outros que facilmente encarnam personagens inusitados, desencontrados das normas e descartados pela sociedade que podem parecer vindos de uma espécie de submundo. As indisciplinas, de uma forma geral, podem ser entendidas como ferramentas de desmanche. Analogamente essa visão está próxima dos artistas, que também são afeitos a transgredir regras e causar incômodos sociais.