As últimas décadas do século XX foram palco de uma revolução denominada por Castells de revolução da tecnologia da informação. Essa revolução incorporou à produção de bens e serviços novas tecnologias que pouparam custos de mão de obra aos donos de capital e fizeram com que o desemprego tecnológico se somasse ao desemprego estrutural. Desta forma, o século XXI se iniciou com um cenário de crescente precarização do trabalho com redução contínua dos empregos. Buscando justificar esse processo, o discurso do determinismo tecnológico apresenta uma promessa de que os postos de trabalho eliminados pela tecnologia serão substituídos por novos criados pela mesma tecnologia. Ocorre entretanto que os novos postos de trabalho que se criam jazem sob relações de trabalho mais precárias. Este artigo trata da precarização do trabalho causada pela tecnologia e a possibilidade de subversão da tecnologia para superar essa precarização. Partindo do impacto da automação no trabalho gerado pelas tecnologias da informação, abordamos o movimento de software livre e a economia solidária como formas intersticiais de resistência a modelos de produção capitalista cujas intersecções podem gerar formas autônomas de geração de trabalho de renda. Após revisar os fundamentos do movimento de software livre, estabelecemos a conexão com a economia solidária e a partir de um caso de um empreendimento que integra os fundamentos de ambos os movimentos em sua estrutura, discutimos a efetividade de uma racionalização subversiva baseada nas características de participação democrática do software livre.