É Mestre em Geografia — Tratamento da Informação Espacial pela PUC-MG, e doutorando pela UFMG. Possui bacharelado e licenciatura em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2012). Tem experiência na área de Geografia com ênfase em Geografia Urbana.
A cidade hoje tem um papel central no controle dos corpos a partir da ação do biopoder. No entanto, é também foco das atitudes multitudinárias e biopotentes que emergem dos movimentos sociais. Nesse sentido, é correto afirmar que a cidade é alvo de disputa pela sua produção. Assim, o presente texto dedica-se à discussão de um caso referente a esseprocesso: o Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte. O Viaduto é o lugar de diversas manifestações de rua culturais e políticas, mas também sofre com as estratégias da articulação Estado-capital. Ao longo do texto destaca-se a importância dos corpos indisciplinados em produzir o comum a partir da produção do espaço. Visa-se construir uma leitura da disputa pela cidade situada entre o controle dos corpos exercido pelo biopoder e a indisciplina da biopotência contra essas heteronomias. O levante dos corpos indisciplinados é a expressão objetiva da potência latente (que é essencialmente desobediente, ou, em termos foucaultianos, indocile) da multidão que atua no sentido exatamente contrário ao da docilização e controle dos corpos.
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