No intervalo de um ano compreendido entre julho de 2013 e 2014, inúmeros protestos eclodiram em todo o território nacional devido à realização do mundial da FIFA no Brasil. Além de ocuparem as ruas, manifestantes encontraram também outras formas de desobedecer o status quo. É sobre uma dessas táticas de subversão da ordem que o presente artigo se debruça: uma artista plástica carioca “hackeou” o cromos da Coleção Oficial de Figurinhas Copa do Mundo da FIFA 2014 e pintou, nos rostos dos jogadores das seleções de futebol, as máscaras pretas utilizadas pelos adeptos do método black bloc. Após a intervenção, ela selava os pacotes de figurinhas corrompidas e os deixava nos locais de venda novamente. Considerando os conceitos de biopoder e biopotência nos filósofos Michel Foucault e Peter Pál Pelbart, abordamos, à luz dos pesquisadores Giorgio Agamben e Michel de Certeau, as táticas de profanação dos dispositivos do poder — no caso estudado, representado pelo Estado e pela FIFA. O artigo ressalta a proximidade entre esses conceitos,
buscando entender como a “estratégia” em Certeau e o “dispositivo” em Agamben têm nas definições de tática e profanação ações que não são opostas,
mas interdependentes. Como métodos utilizados na produção do artigo recorremos à pesquisa documental e à revisão bibliográfica.