Este artigo busca, inicialmente, recuperar alguns autores centrais da Geografia Política e da Geopolítica, mostrando a pertinência e atualidade de suas ideias. O objetivo desta reconstrução teórica é apresentar a relação entre espaço e poder a partir de diferentes leituras. Em um segundo momento, procura-se debater a noção clássica de soberania, apoiada no Estado territorial, e sua definição contemporânea. No período atual, no qual os processos de globalização impõem visões cosmopolitas sobre as visões isolacionistas, soberania e hegemonia são exercidas por Estados e corporações para além de suas fronteiras nacionais. Nessa direção, novas cooperações e ações estratégicas, como BRICS, Belt and Road Initiative (BRI) e o “renascimento” da Eurásia via União Econômica Eurasiática (UEE), são centrais. Por fim, na terceira parte do artigo, o território brasileiro é trazido para o centro do debate geopolítico, nas suas dimensões interna e internacionais, revelando as tensões contemporâneas da integração externa do país, particularmente a partir das descobertas de petróleo na camada do pré-sal, nas águas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) brasileira, conhecida como Amazônia Azul.
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