É doutorando em geografia pela UFMG. Pesquisador do Observatório das Metrópoles. Pesquisador do Indisciplinar. Integrante do Grupo de Estudos em Marx & Engels, do Grupo de Estudos em Henri Lefebvre e do Grupo de Estudos sobre Financeirização da UFMG.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Brasil
O presente artigo é uma experimentação de abordagem para a conjuntura contemporânea. Os autores delineiam, a partir da contradição intrínseca à acumulação conforme apresentado por Marx, o seu próprio desdobrar vai colocando em xeque os mecanismos de mediação intersubjetiva construídas por décadas a fio, levando a uma crise interna que, ao mesmo tempo, se converte em forma de governabilidade. Para tanto, uma série de espelhos e fumaças são colocados para tapar o buraco da acumulação, aparecendo a forma mais exteriorizada e fetichizada do capital, o capital fictício, como ator primordial neste momento que implica numa forma específica de gestão pública que se tornou conhecido pela alcunha de neoliberalismo. Entretanto, isto não surtiria efeito se não viesse acompanhado de um determinado tipo de agenciamento dos desejos de cada indivíduo. Essa dupla determinação, sociedade e indivíduo dá origem a formas específicas de guerras: impulso (nem tão) secreto da civilização do capital, que ajuda ser compreendido desde a expansão ultramarinas do século XV que conformaram a geopolítica do mundo séculos depois numa cisão entre colônias e impérios. Esta é, para os autores, a chave para interpretar os golpes que acometem o mundo de hoje. Quando uma crise secular do valor aparece no horizonte, não é de se estranhar que as amarras da acumulação se apertem ainda mais forte.
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