É crítica de arte, artista visual, mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA-UFBA) e faz parte do GIA — Grupo de Interferência Ambiental. O GIA é um coletivo de arte urbana, que propõe intervenções artísticas nos espaços públicos da cidade. Atuou como professora de História da Arte na EBAUFBA entre 2010 e 2012, onde atualmente é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais na linha de Pesquisa História e Teoria da Arte. É professora assistente do curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
O presente artigo propõe uma análise crítica e comparativa de algumas intervenções urbanas realizadas pelos coletivos brasileiros PORO, GIA e OPAVIVARÁ! Tais ações utilizam os espaços públicos de diferentes centros urbanos como território para suas experimentações e novos agenciamentos: ações estéticas e políticas que desejam interferir na “normalidade” cotidiana dos transeuntes, produzindo novas subjetividades, trocas afetivas e encontros em meio à heterogeneidade e pluralidade do tecido urbano. A tentativa de tirar a arte dos centros culturais oficiais institucionalizados e ganhar as ruas das cidades não é nova. A partir da década de 60 do sec. XX, artistas e coletivos se engajaram nesse desafio, propondo circuitos artísticos alternativos e novas maneiras de pensar a arte, em atitudes que reverberam de diferentes maneiras na atualidade. Os grupos PORO, GIA e OPAVIVARÁ, ao criarem intervenções artísticas em diferentes cidades, constituem ações de resistência e táticasefêmeras em uma esfera micropolítica ao agirem nas brechas e fissuras de disposições sociais e urbanísticas aparentemente consolidadas, que são, por sua vez, parte de um sistema cada vez mais homogeneizador e opressor. Dessa maneira, como os coletivos artísticos conseguem atuar na cidade? Qual seria a importância desses procedimentos resistentes para os espaços públicos urbanos e políticos? Como a Arte pode gerar questionamentos relevantes acerca da urbe e sua dinâmica social/relacional? Essas são algumas das reflexões apresentadas no presente texto.
Referências
ABRAHÃO, Luis Sérgio. Espaço público: do urbano ao político. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2008.
ALBUQUERQUE, Fernanda. Troca, soma de esforços, atitude crítica e proposição: uma reflexão sobre os coletivos de artistas no Brasil (1995 a 2005). Dissertação de
Mestrado. Porto Alegre: Instituto de Artes/UFRGS, 2006.
__________. Acredite nas suas ações. In: KRUNCH, Graziela (org). Urbânia 3. São Paulo: Ed. Pressa, 2008. P. 70-74.
ARANTES, Otília. Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas. In: ARANTES, Otília B., MARICATO, Ermínia e VAINER, Carlos. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000.
BEY, Hakim. TAZ – Zona Autônoma Temporária. São Paulo: Conrad, 2001.
BOURRIAUD, Nicolas. Estética relacional. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
CAMPBELL, Brigida e TERÇA NADA, Marcelo. Intervalo respiro: pequenos deslocamentos. São Paulo: Radical Livros, 2011.
CERTEAU, Michael de. Artes de fazer: a invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 2000.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia vol. 1. São Paulo: Ed. 34, 1995.
DURANTE, Milena Batista. Ações coletivas na cidade: criação, desejo e resistência. Dissertação de Mestrado. Salvador: Programa de Pós-Graduação em Urbanismo
da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia / PPGAU-UFBA, 2012.
ESPADA, Heloísa (org.) Richard Serra: escritos e entrevistas. 1967-2013. São Paulo: IMS, 2014.
FELSHIN, Nina. ¿Pero esto es arte?El espíritu del arte como activismo. In: BLANCO, Paloma. et al (orgs). Modos de hacer: arte crítico, esfera pública e
acción directa. Salamanca: EdicionesUniversidad de Salamanca, 2001. P. 72-93.
GUATTARI, Felix e ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1986.
JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. breve histórico das errâncias urbanas. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/05.053/536.
MAZETTI, Henrique. Resistências criativas: os coletivos artísticos e ativistas no Brasil. Disponível em: www.artéria.art.br.
MESQUITA, André. Insurgências poéticas: arte ativista e ação coletiva (1990-2000). Dissertação de Mestrado. São Paulo: Departamento de História da Universidade
de São Paulo / FFLCH-USP, 2008.
MONACHESI, Juliana. A explosão do a(r)tivismo. Disponível em: http://www1. folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0604200305.htm. Acesso em 12/07/2014.
REZENDE, Renato e SCOVINO, Felipe. Coletivos. Rio de Janeiro: Circuito, 2010.
ROSAS, Ricardo. Hibridismo coletivo no Brasil: transversalidade ou cooptação? Disponível em: www.forumpermanente.org.
SCHÖPKE, Regina. Por uma filosofia da diferença: Gilles Deleuze, o pensador nômade. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
PAIM, Cláudia. Coletivos e iniciativas coletivas: modos de fazer na América Latina contemporânea. Tese de Doutorado. Porto Alegre: Instituto de Artes/ UFRGS, 2009.
PIRES, Ericson. Cidade ocupada. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
salvador-orfa-de-ginasios-e-piscina.shtml. Acesso em 04/07/2014.
SENNETT, Richard. O Declínio do Homem Público: As Tiranias da Intimidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
SHOLETTE, Gregory e STIMSON, Blake (eds.).Collectivism after Modernism: the Art of Social Imagination after 1945. Minneapolis: University of Minnesota Press,