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Artigos

v. 4 n. 2 (2018): Revista Indisciplinar

A ‘Guerra do Rio’ (ou Como a ocupação policial-militar de favelas cariocas foi representada nos mapas do jornal O Globo)

Enviado
abril 6, 2021
Publicado
2018-12-01

Resumo

No discurso do jornal O Globo, a ocupação policialmilitar de favelas foi representada como uma guerra – a ‘Guerra do Rio’ –, assim como os seus mapas sobre o tema. O noticiário sobre a ‘Guerra do Rio’ pode ser identificado como um discurso midiático sobre a violência no qual as alteridades entre ‘favela’ e ‘asfalto’ são reforçadas, através da imagem da favela como território da violência no Rio de Janeiro e dos moradores das áreas favelizadas como o ‘outro’. Considerando que a forma que O Globo representou a ocupação policial-militar de favelas através dos seus mapas possui heranças da cartografia jornalística alemã e norte-americana de guerra, vamos interpretar os mapas da ‘Guerra do Rio’ na perspectiva de que são construtores da narrativa de uma guerra contra o ‘outro’. Nessa batalha, o território a ser conquistado é a favela e o território a ser defendido é o ‘asfalto’ assim como os inimigos são os ‘favelados’ e os heróis são as forças policiais e militares. Analisaremos então três mapas que abarcam o período da megaoperação de ocupação policial e militar do Complexo da Penha, Alemão e Vila Cruzeiro, quando os acontecimentos ganharam visibilidade mundial. Reconhecemos que a narrativa construída por esses mapas no discurso do jornal vai da ameaça territorial do Rio de Janeiro até a conquista da favela, quando finalmente chega a ‘pacificação’.

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