A Plataforma Cartografias do Rio Doce é uma iniciativa que emergiu da necessidade de acompanhar os inúmeros desdobramentos judiciais, institucionais e de resistência do desastre-crime da Samarco, Vale e BHP Billiton, deflagrado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015.
O desastre-crime trouxe à tona uma gama variada de embates, pelo controle do território e da informação, pela centralidade nos espaços de decisão, pela narrativa e pelos números que mensuram sua proporção. De forma assimétrica, as empresas assumem posição de protagonismo nos veículos de massa, nas negociações e de acesso privilegiado a informações e documentos sigilosos, contrastando com o lugar subalterno relegado aos atingidos que sofrem a expropriação de seus territórios, direitos e histórias.
A plataforma tem como intenção questionar dados, informações e narrativas que se contraponham ao domínio corporativo, constituindo-se, portanto, uma ação contra-hegemônica de produção de novas narrativas a partir de uma perspectiva da universidade junto aos movimentos e atingidos.
O ponto de partida deste trabalho foi a compilação dos acontecimentos e documentos em linha do tempo, iniciada de forma colaborativa com o grupo de trabalho vinculado ao Programa Participa. Expandindo tais esforços, a plataforma tem como proposta a sistematização de conteúdo em mapas, textos, linha do tempo e diagramas a fim de propiciar uma leitura facilitada e sistêmica do desastre-crime, bem como, visibilizar a problemática.
A ideia é que a ferramenta possa ser atualizada com material produzido nas atividades de pesquisa, ensino e extensão, e também se abrir a contribuições de parceiros.