A produção do espaço urbano no Brasil é historicamente marcada por políticas excludentes e pela espoliação urbana, que têm se intensificado com a ascensão de políticas e da racionalidade neoliberais. Apontamos aqui para um esvaziamento do sentido político da cidadania por meio de quatro fatores principais. Quais sejam: o desmanche (ou reordenamento) neoliberal do Estado e o encolhimento da esfera pública; o alcance cada vez maior da subjetividade neoliberal; o contexto histórico-político brasileiro e; o esvaziamento dos espaços públicos. A lógica neoliberal da gestão urbana torna invisíveis parcelas historicamente excluídas da sociedade, alienando-a como um todo; tira do alcance da visão e da experiência o que não é enquadrado na informação estética que quer passar. O presente artigo visa mostrar o papel da racionalidade neoliberal no esvaziamento e ocultamento dos conflitos, e ampliar os debates acerca dos rumos atualmente delineados pelo modo de gestão empresarial dos poderes públicos no Brasil, sobretudo em metrópoles, bem como propor o debate sobre os efeitos desse tipo de gestão na construção contínua da cidade e da cidadania.