No livro Great Leap Forward, Rem Koolhaas consolida uma série de teses realizadas por pesquisadores da Harvard Design School sobre a China, criando novos conceitos. Koolhaas introduz o livro apresentando sua hipótese de que o movimento Metabolista[1]. foi o primeiro movimento de vanguarda da arquitetura não ocidental[2] e o último movimento da arquitetura de interesse público que praticamente desapareceu com a chegada do neoliberalismo. Ao sugerir que o Team X e o Archigram foram os últimos movimentos reais do urbanismo e os últimos a propor novas idéias e conceitos para a organização da vida urbana, o pensador utiliza o termo “urbanismo plástico” para se referir a uma capacidade crescente de produzir uma condição urbana livre da urbanidade. Ao deslocalizar-se para a Ásia, Koolhaas descobre na China uma outra história da arquitetura e do urbanismo, na qual ele identifica a criação de uma “nova substância urbana”, distante das doutrinas universais ocidentais. (KOOLHAAS, 2002, p.27, tradução nossa).
Nos últimos anos iniciamos um exercício cotidiano de estudar territórios pertencentes à Rota da Seda junto aos alunos da EA UFMG[3]. Aprendemos coletivamente ao percorrer georreferenciadamente a milenar Rota, que existem outros mundos, outros modos de vida, outras substâncias territoriais. Percorrer a Rota da Seda tem sido menos sobre deslocar-se emais sobre deslocalizar-se. Deslocalizar-se do Ocidente como um exercício em busca de uma visão mais diversa, inclusiva e tolerante, fazendo conhecer outros mundos e civilizações. Deslocalizar-se pela Rota da Seda tem se tratado para nós, de criar diálogos intercivilizatórios que possivelmente será o maior desafio metodológico ocidental ao propiciar um acúmulo depistas para novas soluções que resolvam parte da nossa crise civilizatória.
Este ensaio imagético é, portanto, parte do processo de reflexão pessoal que envolve o fato de que localizar e ser localizado não é explorar, conhecer novos lugares, outros mundos e ou civilizações. Ainda que o Google te permita abrir um mapa de Xangai, para conhecer a China é preciso estar aberto para um diálogo intersistêmico, se reconhecendo como parte de um e dialogando com o funcionamento do outro. Entender um pouco do processo de urbanização chinês, significa deslocalizar-se do sistema ocidental e buscar os rastros de novas substâncias urbanas que possibilitem criar novos conceitos e novos mundos.