Este trabalho visa relatar as reflexões sobre o experimento de uma deriva, realizada por meio do Google Earth, na região de El Callao no Peru, com o objetivo de refletir e caracterizar parcialmente as relações sócio-espaciais verificadas na apreensão dos espaços públicos cotidianos. Reconheceu-se na mediação deste processo um tipo de exercício capaz de potencializar a aproximação com territórios que nos são estranhos. Identificou-se a prática sistemática de moradores com o uso e instalação de piscinas de plástico portáteis nas ruas e calçadas da região. Com base no levantamento de notícias locais e nacionais e nas reflexões realizadas sobre a produção do espaço público cotidiano, esta prática foi compreendida à luz dos processos de resistência contra hegemônicos e do exercício concreto do direito à cidade. Contrapôs-se às narrativas midiáticas as percepções sobre a vitalidade das relações sócio-espaciais verificadas no uso e apropriação do espaço público cotidiano. Por fim, aponta-se a necessidade de um processo dialógico voltado à ação coletiva em geral, incluindo uma perspectiva socialmente crítica sobre as práticas sócio-espaciais cotidianas de produção e reprodução do espaço urbano. Cabe aos técnicos e aos governos, possibilitar a autonomia daqueles que se constituem em objeto de conhecimento e sujeitos históricos, reintegrando o sentido da esfera pública ao espaço cotidiano e estabelecendo margens para manobras e diálogos efetivos para a realização material e sociocultural das cidades.