Realiza atualmente seu doutorado em História Social da Cultura na Universidade Federal de Minas Gerais. Sua área de interesse é, predominantemente, a história dos conflitos e movimentos sociais urbanos desde o século XIX até os dias de hoje, principalmente no Brasil e na Europa latina.
Desde o século XIX, uma ciência do espaço foi remanejando, incessamente, as paisagens urbanas e os territórios para racionalizá-los de acordo com as necessidades econômicas. O urbanismo surgiu no início de sua história como um discurso de verdade que, para poder modelar e uniformizar o espaço, tentou sistematicamente higienizá-lo, eliminando os elementos considerados indesejáveis, ora rejeitando as populações mais pobres para fora dos centros ora reduzindo ao silêncio outras formas de pensar e ocupar o espaço. No entanto, outras formas de vida urbana não pararam de emergir – entre as linhas do desenho planejado – reocupando os espaços vazios logo após cada reintegração de posse. Desde essa época, a cidade é o palco de conflitos e lutas tendo por objeto diversas formas de ocupar o espaço e se relacionar com o território. No entanto, a cartografia moderna, que se impôs como modo oficial de representação espacial nunca procurou evidenciar tais conflitos e contradições, preferindo buscar – seguindo os preceitos do urbanismo – uma homogeneização e simplificação do espaço. Inspirando-se em experiências recentes em termo da produção coletiva do conhecimento, segundo a ideia da copesquisa, o presente texto interroga a possibilidade de uma cartografia, escrita a varias mãos, capaz de delinear a história desta dimensão política do espaço, esta outra urbanidade, silenciada, sistematicamente rejeitada nos cantos de sombra do mapa.
Referências
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