Ao falar sobre participação, sempre precisamos levar em conta economia, capitais e recursos. Portanto, quem pode participar? Que cidadãos podem pagar os recursos de tempo e espaço para participar em suas vidas cotidianas? “Naquela época eu não podia me dar ao luxo de participar”, disse Marcheline. Ela é um dos cidadãos da PAH [1]; portanto, fez parte de uma das múltiplas iniciativas que desenvolveram um processo de capacitação coletiva para que as pessoas acessassem a moradia em Madri. Marcheline é uma das mulheres que colabora conosco na pesquisa sobre o processo de Urbanismo Habitacional, desenvolvida através da observação das práticas cidadãs de 2000 a 2015. Além disso, ela foi um dos 550.000 cidadãos afetados pelo processo de hipotecas e despejos. Em 2008, trabalhou em uma multinacional de gás e participou de um curso universitário de Relações Internacionais. Ela também era responsável pelos cuidados da casa e da família. Sua agenda diária estava cheia de obrigações, o que incluía manter a casa e fornecer a renda familiar. Em 2009, devido à crise econômica, ela perdeu o emprego e não podia mais pagar a hipoteca ao seu banco. Ela começou a sofrer de sua situação precária quando o banco lhe pediu para pagar seu empréstimo, que tinha aumentado de 700 euros para 1.450 euros por mês durante esses dois anos. Na sequencia desta situação precária, Marcheline descobriu a PAH e iniciou seu próprio processo de capacitação. “Ninguém pode evitar esta situação melhor do que você”. Esse é um dos princípios da PAH.