O presente trabalho discorre sobre os conceitos de “devir-animal” e “blocos de sensações”, dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, correlacionando-os às produções artísticas realizadas pelo “Teatro da Crueldade”, de Antonin Artaud, bem como à performance arte na contemporaneidade, produzindo um corpo desembestado. Tais conceitos são instrumentos de intensificação de uma prática que liberta o corpo de uma lógica dominante e o leva para lugares não conhecidos, selvagens e impessoais. Através destas transversalidades, é possível pensar a performance arte e o “Teatro da Crueldade” enquanto práticas processuais inventivas que não se prendem a limites fronteiriços entre pensamento e corpo, desorganiza suas formas primárias enquanto releva impulsos de animalidade que o faz contrair e dilatar. Ao investigar seus blocos de “afectos” e “perceptos”, os corpos podem ultrapassar seus contornos; através do movimento migratório entre homem e animal, são capazes de tornar expresso sensações não-ditas, de ir além dos signos, ao encontro das coisas em seu estado provisório, afirmando a vida em sua potência produtiva.