O artigo apresenta os resultados de pesquisa realizada a partir de entrevistas com motoristas de aplicativo e lavadores de carro em dois lava a jatos em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Iniciamos a análise com um debate teórico que recupera as noções de neoliberalismo e empreendedorismo como centrais para a compreender as novas morfologias do trabalho uberizado, as corporações de plataforma, a pobreza urbana e a periferização. Destaca-se a análise das avaliações e metas como normas corporativas que regulam o trabalho dos motoristas. Argumenta-se que os lava a jatos são locais onde ocorre a convergência entre duas categorias de trabalhadores empobrecidos: os motoristas, que buscam manter seus carros limpos e os lavadores, cujo trabalho se apresenta como uma complementação necessária, mesmo desvalorizada, da prestação de serviço pelas plataformas digitais. A segunda parte do texto apresenta os relatos colhidos a partir de entrevistas semiestruturadas, questionários e visitas a campo, procurando dar visibilidade aos sujeitos do processo de uberização. As considerações finais recuperam a dialética entre a banalização de novas técnicas e a renovação de locais e condições de trabalho precários como condições estruturantes da fluidez viária metropolitana.