A disciplina Parque das Ocupações Urbanas do Barreiro, ministrada pela professora Marcela Brandão, que também é coordenadora do Indisciplinar, ocorreu no primeiro semestre de 2016.
O objetivo da disciplina é aproximar as questões que envolvem a luta pela moradia das pautas que regem a luta pela preservação do meio ambiente, considerando que há fortes tangências entre elas, tanto relativas às dificuldades encontradas nos dois processos, como também na busca por uma cidade mais saudável e mais justa. Pretende-se que tal aproximação seja discutida e incorporada na prática arquitetônica e urbanística.
Nas grandes cidades brasileiras, inseridas dentro do neoliberalismo, duas lutas por uma cidade mais justa se destacam: a luta pelo direito a moradia e pela preservação do verde. Mas a casa e o verde são realmente inimigos ou pode haver uma relação de coexistência na qual o homem cuida da natureza e ao mesmo tempo usufrui dela?
Apesar do senso comum e do discurso de mercado, acreditamos que essas questões podem ser complementares e ser reforçarem mutuamente.
A ideia de trabalhar com a região do barreiro começou pelo fato de abrigar uma área vegetada, de interesse ambiental envolta de várias ocupações urbanas autoconstruídas.
Na tática de destacar o potencial desse local e a possibilidade de um entendimento mais complexo da relação entre ocupação e área verde, a região foi nomeada pelo grupo de Parque das Ocupações do Barreiro.
A relação entre o parque e as ocupações é uma forma de resistência para ambos e aponta para a superação da ideia de individualidade, lucro, compra e venda, espaço cercado e dicotomia entre cidade e natureza. A cidade, como espaço público, deve ser cuidada, preservada e ocupada. Sendo assim, a despeito do senso comum, que coloca em lados opostos as lutas pelo meio ambiente e habitação, o grupo Indisciplinar propôs exatamente reunir essas duas lutas, por uma cidade mais sustentável e justa.