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Artigos

v. 4 n. 1 (2018): Revista Indisciplinar

O mapa sonoro como tecnopolítica de transculturação aural

Enviado
abril 1, 2021
Publicado
2018-09-20

Resumo

Apresenta-se a noção de mapa sonoro mediante uma composição teórica que desloca o entendimento da prática cartográfica do âmbito da representação para o da operação. Subtraída às pretensões de representação, a prática de mapeamento sonoro pode ser pensada como elaboração de ferramentas tecnopolíticas para a atuação em contextos locais. Tal atuação pode facilitar processos de transculturação aural. Por transculturação aural me refiro a um processo de variação estrutural de sistemas de sentido e valor, experimentado de modo recíproco por duas culturas de escuta postas em contato. O foco do artigo é, portanto, o mapa sonoro como um artifício capaz de transformar padrões e condutas de escuta. A discussão envolve o conceito de sujeito entendido como efeito de práticas de habitação, bem como efeito da performance de ferramentas midiáticas. Neste contexto, apresento uma crítica a dois regimes majoritários de produção e compartilhamento de informação na internet mediante uso de tecnologias digitais, pensados aqui como regimes selfie e hater. Tais regimes são discutidos a partir de caracterizações etológicas da subjetividade, feitas à luz do conceito esquizoanalítico de ritornelo e do ecoepistemológico de ecognose. Apresenta-se, portanto, a categoria de mapa sonoro como um dispositivo tecnopolítico de intervenção crítica no fisiologismo dos regimes hegemônicos de auralidade, de modo a facilitar casos particulares de desterritorialização das práticas de escuta em relação a um regime contemporâneo de controle aural. A tese é a de que tal desterritorialização é condição necessária para  um aprimoramento do senso de espaço público e do cuidado com espaços comuns.

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