A figura do avô judeu nas “narrativas de formação” de Ilse Losa e Samuel Rawet

Autores

  • Karina Marques Universidade de Rennes

DOI:

https://doi.org/10.17851/1982-3053.9.17.209-227

Palavras-chave:

Ilse Losa, Samuel Rawet, Infância

Resumo

A figura do avô judeu ocupa um lugar central em duas narrativas de teor autobiográfico: O mundo em que vivi (1949) de Ilse Losa e “Gringuinho”, de Contos do imigrante (1956), de Samuel Rawet. Nelas, o papel do avô é importantíssimo para a consolidação da identidade judaica na infância dos protagonistas, por meio da transmissão de um judaísmo ético e afetivo. No contexto histórico da Segunda Guerra Mundial, marcado pelo antissemitismo na terra natal e pela xenofobia na terra de acolhida, essa figura consolida-se como um esteio comunitário fundamental face à ameaça de desintegração do núcleo familiar judaico. Propomos, portanto, por meio da análise literária das duas narrativas, uma reflexão sócio-histórica em torno dessa figura, que pode ser associada ao ancião bíblico. Pretendemos, ainda, alargar as definições do romance de formação enquanto gênero literário, tomando por base o conto de Rawet.

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Biografia do Autor

Karina Marques, Universidade de Rennes

Professora de língua portuguesa, literatura e civilização brasileira na Universidade de Rennes, França. Doutora em literatura brasileira e portuguesa comparada pela Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3, é ainda membro do Centro de Estudos sobre os Países Lusófonos (CREPAL), nessa mesa universidade.

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Publicado

2015-11-25

Como Citar

Marques, K. (2015). A figura do avô judeu nas “narrativas de formação” de Ilse Losa e Samuel Rawet. Arquivo Maaravi: Revista Digital De Estudos Judaicos Da UFMG, 9(17), 209–227. https://doi.org/10.17851/1982-3053.9.17.209-227