Memória e testemunho: a fragilidade da narrativa em O que os cegos estão sonhando?, de Noemi Jaffe
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-3053.10.18.45-59Palavras-chave:
Memória, Testemunho, ShoahResumo
Desde a Segunda Guerra Mundial, muito se tem escrito sobre a Shoah, o crime contra a humanidade perpetrado pelos nazistas. Ainda que a palavra “muito” sugira quantidade, a experiência vivida de forma coletiva na guerra é um apanhado de experiências individuais que, incitando diversos relatos, jamais se fatigarão. O livro O que os cegos estão sonhando?, com o Diário de Lili Jaffe (1944-1945) e o texto final de Leda Cartum, escrito e organizado por Noemi Jaffe, extrapola os limites de classificação. As reminiscências traumáticas da sobrevivente de Auschwitz, da vida após a guerra, a reconstrução e a esperança, perpassam a obra. Um testemunho que se volta para o passado para afirmar a vida presente, de três gerações de mulheres. Este artigo analisa a obra, em particular, o relato de Jaffe, traçando apontamentos sobre os modelos de composição da narrativa, da multiplicidade e da fragmentação, refletindo sobre a Shoah, tema complexo e indispensável aos estudos literários da contemporaneidade.
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