Quando o Kadish é para nossos filhos e para os filhos dos outros: estratégias socioculturais do Sonderkommando em Saul fia/Filho de Saul, de László Nemes
DOI :
https://doi.org/10.17851/1982-3053.11.21.106-126Mots-clés :
Filho de Saul, Kadish, ShoahRésumé
Em uma crucial sequência do filme Saul fia/Filho de Saul, 2015, do diretor húngaro László Nemes, acompanhamos, no auge da “Solução Final” na Shoah, um membro do Sonderkommando que é Saul Ausländer (Géza Röhrig) abordando um rabino nos territórios de Auschwitz-Birkenau: “Rabbi: Livre-se dele. Você conhece a reza? Eu rezarei. O nome dele. Não dá para fazer nada além disso. Saul: Não é o suficiente. Você sabe disso. Você sabe!” Saul, nesse contexto, deseja obsessivamente realizar o ritual do Kadish para um garoto, apresentado como seu suposto filho, que morrera recentemente na câmara de gás e deverá ter o corpo cremado como centenas de milhares de pessoas nesses específicos campos de concentração e de extermínio. Tendo esse filme como corpus de estudo, observaremos e analisaremos como uma prática religiosa e cultural é capaz de reestabelecer memórias da tradição judaica em plena Shoah, ressensibilizar sujeitos desumanizados pelos variados e crônicos dispositivos de violências, bem como, e sobretudo, estender essa prática do cuidado e do respeito humano para os demais povos envolvidos pela tragédia.
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