Enunciados sobre primitivismo na origem da Psicologia da Arte no Brasil

algumas notas históricas

Autores/as

  • Ricardo Mendes Mattos Universidade de São Paulo
  • Arley Andriolo Universidade de São Paulo
  • Richard de Oliveira Fundação Hermínio Ometto

DOI:

https://doi.org/10.35699/1676-1669.2022.35279

Palabras clave:

primitivismo, Psicologia Social, arte, Mário de Andrade

Resumen

Neste artigo, os autores investigam uma série de tensões notáveis pela presença do termo “primitivo” como um enunciado na origem da psicologia das artes no Brasil. A exploração dos significados relacionados a esse termo e palavras correlatas (tal como “primitivismo”) permite-nos mapear as marcas da dominação colonial, a crítica e possibilidades de superação. Nossa base histórica foram alguns textos escritos por importantes autores, os quais tornaram-se referências fundamentais para o campo acadêmico da psicologia das artes no Brasil. O estudo da conceituação então elaborada possibilita os pesquisadores compreenderem o primitivismo como um problema acadêmico e como uma sombra a cobrir as origens tanto da psicologia da arte quanto da psicologia social. A interpretação daqueles escritos permite identificar enunciados que articulam a abordagem psicológica de objetos estéticos produzidos pelas classes populares e a invenção de algumas categorias discursivas coerentes. Como resultado, esperamos evidenciar a própria genealogia da psicologia da arte brasileira, a qual foi construída a partir de fundamentos ambíguos, estes articulados à dominação colonial e seus reflexos históricos e políticos no discurso científico. Concluímos pontuando a relevância do mapeamento e reflexão acerca da presença de tais ambiguidades na abordagem científica da produção estética de diferentes grupos sociais subalternos, historicamente invisíveis e representados em termos de minorias.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Ricardo Mendes Mattos, Universidade de São Paulo

 Ricardo Mendes Mattos é doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo. 

Arley Andriolo, Universidade de São Paulo

Arley Andriolo é professor-associado do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Coordenador do Laboratório de Estudos em Psicologia da Arte e líder do Grupo de Estética Social.

Richard de Oliveira, Fundação Hermínio Ometto

Richard de Oliveira é mestre e doutorando em Psicologia e integra o Laboratório de Psicologia da Arte, junto ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

Citas

Álvaro, J. L. & Garrido, A. (2007). Psicologia Social. São Paulo: McGraw Hill.

Andrade, M. (1955). Curso de Filosofia e História da Arte. São Paulo: Centro de Estudos Folclórico do GFAU / Urbis. (Original publicado em 1938).

Andrade, M. (2008). 1º Prefácio. Em M. Andrade. Macunaíma (pp. 217-219). Rio de Janeiro: Agir. (Original publicado em 1926).

Andrade, M. (2008). Notas diárias. Em M. Andrade. Macunaíma (pp. 235-237). Rio de Janeiro: Agir. (Original publicado em 1943).

Andriolo, A. (2004). Traços primitivos: histórias do outro lado da arte no século XX. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Andriolo, A. (2006a). O método comparativo na origem da Psicologia da Arte. Psicologia USP, 17(2), 43-57.

Andriolo, A. (2006b). A questão da alteridade no primitivismo artístico. Em II Encontro de História da Arte (s/p). Campinas: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.

Ballestrin, L. (2013). América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, 11(1), 89-117. Recuperado em 10 de outubro, 2020, de https://www.scielo.br/pdf/rbcpol/n11/04.pdf

Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Carr, S. (2003). Social Psychology: context, communication and culture. Milton, Australia: John Wiley & Sons.

Clark, T. J. (1999). Farewell to an idea: episodes from the History of Modernism. New Haven: Yale University Press.

Costa, J. F. (1976). História da Psiquiatria no Brasil: um corte ideológico. Rio de Janeiro: Documentário.

Cunha, M. C. (1983). Arte afro-brasileira. Em W. Zanini (Orgs). História Geral da Arte no Brasil (pp. 975-1033). São Paulo: Instituto Moreira Salles.

Cunha, M. C. (1986). O espelho do mundo: Juquery, a história de um asilo. Rio de Janeiro: Paz & Terra.

Foucault, M. (2004). Microfísica do poder (R. Machado, Trad.). 20ª ed. Rio de Janeiro: Graal.

Frayze-Pereira, J. A. (1994). A questão da alteridade. Psicologia USP, 5(1-2), 11-17. Recuperado em 19 de junho, 2022, de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicousp/v5n1-2/a02v5n12.pdf.

Goldwater, R. (1966). Primitivism in Modern Art. 2a ed. Londres: Belknap Press. (Original publicado em 1938).

Hartt, C. F. (1885). Contribuições para a ethnologia do Valle do Amazonas. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 6, 1-174. Recuperado em 19 de junho, 2022, de http://www.etnolinguistica.org/biblio:hartt-1885-contribuicoes

Lévy-Bruhl, L. (1922). La mentalité primitive. Paris : Félix Alcan.

Lévy-Bruhl, L. (1951). Les fonctions mentales dans les sociétés inférieures. 9a ed. Paris: Presses Universitaires de France. (Original publicado em 1910).

Mbembe, A. (2018). Crítica da razão negra (S. Nascimento, Trad.). São Paulo: n-1 edições.

Merleau-Ponty, M. (1999). Fenomenologia da Percepção (C. A. R. Moura, Trad.). São Paulo: Martins Fontes.

Ortiz, R. (1985). Cultura popular: românticos e folcloristas. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.

Patto, M. H. S. (2000). Mutações do cativeiro: escritos de psicologia e política. São Paulo: Haker Editores, EDUSP.

Prado, E. S. (1889). Chapitre XVIII – L’Art. Em M. F. J. Santa-Anna. Le Brésil em 1889 (pp. 516-560). Paris: Librairie Charles Deagrave.

Rago, M. (1995). O efeito-Foucault na historiografia brasileira. Tempo Social, 7(1-2), 67-82. Recuperado em 19 de junho, 2022, de https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/85207

Ramos, A. (1932). Os horizontes mythicos do negro na Bahia. Arquivo do Instituto Nina Rodrigues, 1(1), 47-95.

Ramos, A. (2003). Introdução à Psicologia Social. 4ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo. (Original publicado em 1936).

Ramos, A. (1938). O negro e o folclore cristão do Brasil. Revista do Arquivo Municipal, 47, 47-78.

Rhodes, C. (1994). Primitivism and Modern Art. London: Thames and Hudson.

Rodrigues, R. (1894). As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisa Social.

Rodrigues, N. (1904). As bellas-artes nos colonos pretos dos Brazil: a esculptura. Kosmos, 1(2), s/p. Recuperado em 20 de junho, 2022, de https://icaa.mfah.org/s/es/item/1110427

Rodrigues, N. (1939). As colectividades anormaes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Santos, B. S. (2007). Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos CEBRAP, 79, 71-94. Recuperado em 20 de junho, 2022, de https://www.scielo.br/j/nec/a/ytPjkXXYbTRxnJ7THFDBrgc/?format=pdf&lang=pt

Torres, C. V. & Neiva, E. R. (2011). Psicologia Social: principais temas e vertentes. Porto Alegre: Artmed.

Tylor, E. B. (1920). Primitive culture: researches into the development of Mythology, Philosophy, Religion, Language, Art and Custom. 6th ed. London: John Murray. (Original publicado em 1871).

Valentini, L. (2010). Um laboratório de Antropologia: o encontro entre Mário de Andrade, Dina Dreyfus e Claude Lévi-Strauss (1935-1938). Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Publicado

2022-07-02

Cómo citar

Mattos, R. M. ., Andriolo, A., & Oliveira, R. de. (2022). Enunciados sobre primitivismo na origem da Psicologia da Arte no Brasil : algumas notas históricas. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 39. https://doi.org/10.35699/1676-1669.2022.35279

Número

Sección

Artigos