A dissimulação como virtude entre os jesuítas da Contra-Reforma

Autores

  • Edmir Míssio

Palavras-chave:

dissimulação, corte, moralidade, jesuítas

Resumo

O presente artigo traz três significativas elaborações jesuíticas do final do séc. XVI e primeira metade do séc. XVII, que tratam da tópica filosófica das relações entre ser e parecer a partir da consideração do recurso governativo e civil à dissimulação. A ação dissimulada é prescrita aos príncipes como virtude fundamentada teológica e politicamente ao instaurar os segredos de Estado, reproduzindo assim a ação divina baseada em misteriosos desígnios. Esta função defensiva do recurso preconizado repõe-se igualmente no âmbito civil junto ao tipo do discreto formulado por Baltasar Gracián, porém, neste caso, com a combinação engenhosa de dissimulação e ostentação.

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Biografia do Autor

Edmir Míssio

doutor em Teoria e História Literária pelo Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.

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Publicado

2005-10-01

Como Citar

Míssio, E. (2005). A dissimulação como virtude entre os jesuítas da Contra-Reforma. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 9, 121–131. Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/memorandum/article/view/6751

Edição

Seção

Artigos