Autobiografias literárias na poesia de exílio: a recepção de Ovídio em Camões
Mots-clés :
exílio, Ovídio, Camões, recepção dos clássicos, autobiografia.Résumé
Os Tristia (“Tristezas”), de Ovídio, são considerados a obra fundadora da lírica de exílio na tradição ocidental. Nessa coletânea de elegias, Ovídio realiza sua última metamorfose e assume uma persona de exilado, que lamenta os sofrimentos em Tomos, cidade às margens do Mar Negro, nos limites do Império Romano. Este artigo investiga a (auto)representação do poeta como exilado, a permanência dessa imagem na tradição literária e sua importância para a poesia de exílio posterior. Será analisada a recriação empreendida por Camões na Elegia III, destacando-se os pontos de diálogo com a obra ovidiana e as inovações instauradas pelo poeta português. Camões adota uma persona ovidiana ao cantar seus males de ausência e efetua uma releitura da poesia dos Tristia. Assim, a presente abordagem centra-se na recepção do “mito” da vida e do exílio de Ovídio na poesia camoniana e, sobretudo, nas construções que circundam a figura do poeta exilado.
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