O mito de Orfeu na Inglaterra

uma análise da balada Sir Orfeo

Autores

Palavras-chave:

Sir Orfeo, baladas bretãs, inglês médio

Resumo

O presente estudo visa analisar o poema Sir Orfeo (c. séc. XIII) enquanto um expoente do gênero poético lai, ou balada, de origem francesa, em solo britânico. Para tal, traça-se um panorama histórico a respeito das produções poéticas no contexto inglês do século XIII para depois se analisar a sua forma, mais notadamente acerca da possível influência do tetrâmetro iâmbico, e o enredo do poema, focando nos aspectos clássicos que compõem as personagens Orfeo e Heurodis. Por fim, se busca analisar também a questão da presença das fadas no poema, algo que seria uma maneira de mesclar a tradição celta com a greco-romana. Para embasar a investigação, utilizam-se os textos de Marie de France (1160-1215), notável poeta do gênero medieval, perpassando pelo posterior Sonho de uma Noite de Verão (A Midsummer Night's Dream, 1595-96), do elisabetano William Shakespeare (1564-1616), que também recupera a figura das fadas em contexto britânico. Os textos teóricos que conduzem o estudo são os de Kittredge (1886), Agamben (2018), Tolkien (2006) e a psicologia analítica de Jung (2014), que, em suma, conduzem à conclusão de que a balada é uma releitura do mito de Orfeu com o objetivo de criar uma inovação no gênero ao reavivar elementos da tradição grega relacionados ao tema da superação da mortalidade, algo que possivelmente o anônimo poeta tinha em mente ao compor sua obra.

Referências

AGAMBEN, G. The Adventure. Trad. Lorenzo Chiesa. 10 ed. Cambridge (MA): MIT Press, 2018.

ALVARENGA, J. V. G. de; CARNEIRO, A. P. Caminhos do orfismo: da Antiguidade Arcaica ao Cristianismo - O espiritismo-cristão anunciado desde o orfismo. Múltiplos Acessos, v. 3, n. 1, p. 143-157, 2018. Disponível em: http://multiplosacessos.com/multaccess/index.php/multaccess/article/view/69. Acesso em: 11 jul. 2024.

BARROS, J. D. A poética do amor cortês e os trovadores medievais – caracterização, origens e teorias. Aletria: Revista de Estudos de Literatura, v. 25, n. 1, p. 215-228, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/18634. Acesso em: 24 mai. 2024.

BURGESS, A. English Literature – A Survey for Students. 10. ed. Harlow: Longman Group Limited, 1984.

COOPER, H. The English Romance in Time: Transforming Motifs from Geoffrey of Monmouth to the Death of Shakespeare. Oxford; New York: Oxford University Press, 2004.

FRANCE, M. de. Guigemar. In: FRANCE, M. de. Lais de Marie de France. Presentés, traduits et annotés par Alexandre Micha. Malesherbois: Flammarion, 1994. p. 34-80.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Trad. Maria Luiza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

KING Orfeo. In: CHILD, F. J.; SARGENT, H. C.; KITTREDGE, G. L. (eds.). English and Scottish Popular Ballads. Boston: Houghton Mifflin, 2017. p. 215-6.

KITTREDGE, G. L. Sir Orfeo. The American Journal of Philology: The Johns Hopkins University Press, v. 7, n. 2, p. 176-202, 1886. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/287332. Acesso em: 18 jun. 2024.

OLIVEIRA, A. C. de. Orfismo, uma nova dimensão do homem grego. Ágora Filosófica, ano 4, n. 2, p. 7-19, 2004. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Anselmo-Oliveira-3/publication/327859163_Orfismo_uma_nova_dimensao_do_homem_grego/links/5eed981b458515814a6ed256/Orfismo-uma-nova-dimensao-do-homem-grego.pdf. Acesso em: 13 jun. 2024.

OVÍDIO (Publius Ovidius Naso). Metamorfoses. Tradução, introdução e notas de Domingos Lucas Dias; apresentação de João Angelo Oliva Neto. São Paulo: Editora 34, 2017.

ROCHA, R. Lírica Grega Arcaica e Lírica Moderna: Uma Comparação. Philia&Filia: Literatura e Cultura da Antiquidade e sua Recepção em Épocas Posteriores, v. 03, n. 2, p. 84-97, 2012. Disponível em: https://seer.ufrgs.br//Philiaefilia/article/view/37252. Acesso em: 06 jun. 2024.

RUSSOM, G. The Evolution of Verse Structure in Old and Middle English Poetry - From the Earliest Alliterative Poems to Iambic Pentameter. Bungay: Cambridge University Press, 2017.

SANTOS, E. C. P. Tradução e notas do mito de Orfeu no IV canto de As Geórgicas. Todas as Letras, n. 5, p. 129-136, 2003. Disponível em: https://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tl/article/download/967/697. Acesso em: 11 jul. 2024.

SHAKESPEARE, W. A Midsummer’s Night Dream. In: SHAKESPEARE, W. The Complete Works of Shakespeare. New York: G. Barrie & Son, 1894, v. 2. p. 1-62.

SHAKESPEARE, W. Sonho de uma Noite de Verão. In: SHAKESPEARE, W. Teatro Completo. Trad. Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009, v. 2. p. 305-386.

SIR Orfeo. In: SISAM, K. (ed.). Fourteenth Century Verse & Prose. London: Oxford University Press, 1921. p. 13-31.

SIR Orfeo. In: TOLKIEN, J. R. R. (Trad.). Sir Gawain and the Green Knight, Pearl and Sir Orfeo. 3. Ed. London: HarperCollinsPublishers, 2021. p. 213-235.

TOLKIEN, J. R. R. On Fairy-stories. In: TOLKIEN, J. R. R. The Monsters, the Critics and other Essays. 23. ed. London: HarperCollinsPublishers, 2006. p. 109-161.

Downloads

Publicado

2025-04-24

Edição

Seção

Dossiê Comemorativo em Homenagem ao Prof. Jacyntho Lins Brandão – Parte 2

Como Citar

O mito de Orfeu na Inglaterra: uma análise da balada Sir Orfeo. (2025). Nuntius Antiquus, 21(1), 1–21. https://periodicos.ufmg.br/index.php/nuntius_antiquus/article/view/53560