Como se deve ler as histórias
(Luciano, Das narrativas verdadeiras)
Palavras-chave:
Luciano, narrativa, ficção, HomeroResumo
Luciano, em Das narrativas verdadeiras, diferencia a mentira honesta da mentira desonesta, distingue a leitura série da leitura de relaxamento e usa Homero como autor e como personagem para pensar a tradição, a narrativa e os estudos literários. Em Como se deve escrever a história, ele diferencia a narrativa justa da adulação. Considerando esse conjunto, podemos observar que Luciano concebe uma teoria da narrativa que dá importância central ao projeto de escrita, formado por dois componentes principais: o exercício de composição (mentiroso ou justo, ou, se preferir, ficção ou não-ficção) e a sua apresentação ao público (honesta ou desonesta). Entre os modos de leitura, ele parece sugerir uma leitura ingênua, que não percebe as mentiras desonestas e que toma a poesia como verdade em oposição a uma leitura crítica, que compreende esse projetos de escrita e que, inclusive, pode resultar em experimentos literários a partir deles.
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