Memórias do Cárcere

em busca da aguardente perdida

Autores

  • Maurício Ayer Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.2.163-190

Palavras-chave:

memória e testemunho, cachaça na literatura, memória e imaginação

Resumo

Resumo: A aguardente tem um papel singular na narrativa de Memórias do Cárcere, livro em que Graciliano Ramos relata a sua experiência como preso político entre 1936 e 1937. A partir de uma leitura a contrapelo das passagens em que a bebida aparece, procurou-se analisar o lugar que ela ocupa na poética da obra, reconhecendo-a como diretamente associada à ativação da memória e da imaginação e como portadora de um certo “princípio de liberdade” que o autor paradoxalmente desejava enxergar na prisão. Neste contexto, os tensionamentos e distensões propiciados pela aguardente inserem-se em um processo permanente de ajustes éticos do narrador-personagem e dos modos de linguagem por meio dos quais o próprio eu se constitui. As análises foram realizadas recorrendo-se a autores como Baudelaire, Benjamin, Candido e Pessoa.

Palavras-chave: memória e testemunho; cachaça na literatura; memória e imaginação.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maurício Ayer, Universidade de São Paulo (USP)

Professor de Literatura Francesa na FFLCH/USP.

Referências

BASTOS, Hermenegildo. Memórias do Cárcere: literatura e testemunho. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

BAUDELAIRE, Charles. Les Paradis artificiels. Paris: GarnierFlammarion, 1966.

BENJAMIN, Walter. A imagem de Proust. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. v. 1, p. 37-50. (Obras Escolhidas).

BENJAMIN, Walter. Haxixe. Tradução de Flávio de Menezes e Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Brasiliense, 1972.

BOSI, Alfredo. A escrita do testemunho em Memórias do Cárcere. In: BOSI, Alfredo. Literatura e Resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 221-237.

CANDIDO, Antonio. Ficção e Confissão: Ensaios sobre Graciliano Ramos. 3. ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006.

MORAES, Dênis de. O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos. São Paulo: Boitempo, 2012.

PESSOA, Fernando. “Chuva Oblíqua”. In: O Guardador de Rebanhos e outros poemas. Seleção e introdução de Massaud Moisés. São Paulo: Cultrix, 1991. p. 50-54.

RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere. São Paulo: Círculo do Livro, [19--]. v. 1; 2.

Downloads

Publicado

2019-06-24

Edição

Seção

Dossiê: Gosto, memória e escrita