Memórias do Cárcere
em busca da aguardente perdida
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.28.2.163-190Palabras clave:
memória e testemunho, cachaça na literatura, memória e imaginaçãoResumen
Resumo: A aguardente tem um papel singular na narrativa de Memórias do Cárcere, livro em que Graciliano Ramos relata a sua experiência como preso político entre 1936 e 1937. A partir de uma leitura a contrapelo das passagens em que a bebida aparece, procurou-se analisar o lugar que ela ocupa na poética da obra, reconhecendo-a como diretamente associada à ativação da memória e da imaginação e como portadora de um certo “princípio de liberdade” que o autor paradoxalmente desejava enxergar na prisão. Neste contexto, os tensionamentos e distensões propiciados pela aguardente inserem-se em um processo permanente de ajustes éticos do narrador-personagem e dos modos de linguagem por meio dos quais o próprio eu se constitui. As análises foram realizadas recorrendo-se a autores como Baudelaire, Benjamin, Candido e Pessoa.
Palavras-chave: memória e testemunho; cachaça na literatura; memória e imaginação.
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