A pitu do pintor Monteiro

Cachaça e afetividade em João Cabral de Melo Neto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.29.2.94-115

Palavras-chave:

cachaça na literatura brasileira, afetividade, cultura em Pernambuco, João Cabral de Melo Neto

Resumo

Resumo: A cachaça está presente ao longo de toda a obra poética de João Cabral de Melo Neto, desde O engenheiro até Sevilha andando. Embora não chegue a constituir uma tópica, ao dirigir nossa atenção para o motivo da cachaça é possível descobrir elementos reveladores de uma clivagem específica na poesia cabralina, proporcionando novas leituras de obras importantes, em particular, Morte e Vida Severina. A presença da cachaça, pelo campo conotativo que mobiliza a cada momento, traz ênfase para um viés da personalidade poética de João Cabral que está a contrapelo de sua marca dominante, como poeta racionalista, antilírico, impessoal. Ao contrário disso, a cachaça parece estar geralmente associada a um relaxamento do controle intelectual do fazer poético e uma maior permissividade para que os elementos biográficos e afetivos se introduzam em seus versos. Neste contexto, haverá interesse em revisitar o ensaio de Benedito Nunes (1974), onde o elemento da destilação ganha destaque. Finalmente, veremos que a afetividade dá relevo a uma amizade de especial importância para João Cabral.

Palavras-chave: cachaça na literatura brasileira; afetividade; cultura em Pernambuco; João Cabral de Melo Neto.

 

Biografia do Autor

  • Maurício Ayer, Universidade de São Paulo (USP)

    Professor de Literatura Francesa na FFLCH/USP

  • Eduardo Dimitrov, Universidade de Brasília (UnB)

    Professor Adjunto do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (SOL/UnB), possui pós-doutoramento (2017) em Sociologia pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP). Doutor (2014) e Mestre (2006) em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, graduado pela mesma instituição em Ciências Sociais (2003) e Licenciado em Sociologia (2006). Desenvolveu estágio doutoral na École normale supérieurer (ENS/Paris) no labex TransferS UMR 8547. Atualmente é coordenado do Grupo de pesquisa Arte, Sociedade e Interpretações do Brasil (SOL-UNB). Ao estudar o modernismo pernambucano e as representações das elites locais, dedica-se à compreensão do processo de criação de identidades regionais e nacionais perpassando temas que interligam antropologia e sociologia da arte, literatura, história, patrimônio cultural e pensamento social brasileiro. Coordena o Grupo de Trabalho "Sociologia da sociologia nos contextos global e nacional", na Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Atua também na área de ensino de sociologia na educação básica e na formação docente.

Referências

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Publicado

2020-06-28

Edição

Seção

Dossiê: João Cabral de Melo Neto, 100 anos