A escritura Deleuze-Guattariana é a criação de um corpo sem órgãos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.34.3.58-71

Palavras-chave:

corpo sem órgãos, escrita, esquizoanálise, filosofia literatura

Resumo

Nesse artigo, problematizamos e tentamos definir heuristicamente a escritura deleuze-guattariana no platô intitulado 28 de novembro de 1947 – Como criar para si um corpo sem órgãos (platô 6). Cartografamos os múltiplos agenciamentos literários do platô 6, levando em consideração os seus contextos argumentativos. Analisamos, sobretudo, as teorizações e implicações éticas resultantes do processo de criação dos corpos drogado, esquizo e masoquista. Com esses corpos, explicitamos os procedimentos de captura e de roubo que Deleuze e Guattari fazem ao construírem zonas de indiscernibilidade entre a filosofia, a psicanálise e a literatura. Além disso, tentamos demonstrar que, no referido platô, os autores não somente constroem conexões intensivas e transversais entre domínios heterogêneos do conhecimento, como também articulam o estilo da escrita, o posicionamento crítico e a criação conceitual num sistema aberto. Sustentamos que a escritura deleuze-guattariana, enquanto atividade composicional, é criação de um Corpo sem órgãos. Enquanto tal, ela é expressão de um processo vital.

Biografia do Autor

  • Wagner Honorato Dutra, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) | Belo Horizonte | MG | BR

    Psicólogo do SUS BH com formação no instituto  Newton Paiva. ´´Graduação e especialização em filosofia (Puc-Minas e UFMG respectivamente). Mestrado e Doutorado em psicologia (Puc Minas).

  • Roberta Carvalho Romagnoli, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) | Belo Horizonte | MG | BR

    Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1986), mestrado em Psicologia (Psicologia Social)pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996), doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003) e pós-doutorado em Análise Institucional pela Université Cergy-Pontoise, França (2011). Atualmente é Professor Adjunto III da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Psicologia Clínica e Institucional, com ênfase em Intervenção Terapêutica, atuando principalmente nos seguintes temas: Famílias, Intervenção Psicossocial, Políticas públicas, Clínica Ampliada, Análise Institucional e Esquizoanálise. Aborda a Psicologia como uma prática teórico-política que aponta para processos de subjetivação que ora são disciplinadores, reprodutores, ora são inventivos. É professora do Programa de Pós-Graduação da PUC-Minas do qual foi coordenadora no período de (2014-2016). Foi bolsista produtividade do CNPq de 2012 a 2024 e foi pesquisador Mineiro da FAPEMIG (2014-2016) e (2017-2021). Atuou como professora convidada na Université de Limoges França, lecionando no mestrado a disciplina Famílias e Políticas Públicas no Brasil, no período de 15/11/2017 a 15/12/2107 e como pesquisadora convidada na Université dOrleáns, de 20/11/2019 a 20/12/2019, onde realizou seminários metodológicos, conferências e intervenções no mestrado em educação. Membro participante e membro do comitê científico da rede de pesquisa internacional Recherche Avec. Coordenadora da RedeSub - Rede de estudos e práticas institucionalistas e processos de subjetivação. Membro do Comitê de Assessoramento de Psicologia e Serviço Social (CA-PS), com mandato de 30/06/2021 até 30/06/2024. Atualmente é professora aposentada da PUC Minas

Referências

ARTAUD, Antonin. Para acabar com o julgamento de Deus. In: WILLER, Claudio. (org.). Escritos de Antonin Artaud. Porto Alegre: L&PM, 1983. p. 145-162.

BURROUGHS, William Seward Almoço nu. Tradução de Daniel Pellizari. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

DELEUZE, Gilles. Sacher-Masoch: o frio e o cruel. Tradução de Jorge Bastos. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

DELEUZE, Gilles. Curso de 24 de janeiro de 1978. In: DELEUZE, Gilles. Curso sobre Spinoza. (Vincennes, 1978-1981). Tradução Emanuel Ângelo da rocha Fragoso et al. 3. ed. Fortaleza: EdUECE/CMAF, 2019.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. 28 de novembro de 1947. Como criar pra si um corpo sem órgãos. In: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 1996. p. 9-29. v. 3.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 2010.

DUPOUY, Roger. Du masochisme. Annales médico-psychologiques, Paris, v. 12, n. 2, p. 393-405, 1929.

FREUD, Sigmund. O problema econômico do masoquismo. In: FREUD, Sigmund. Obras incompletas de Sigmund Freud: neurose, psicose, perversão. Tradução de Maria Rita Salzano Moraes. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 287-304.

LEE, Chan-Woong. Le concept de plateau chez Deleuze et Guattari: ses implications epistemologique et ethique. Kriterion, Belo Horizonte, v. 55, n. 129, p. 79-97, 2014.

MILES, Barry; GRAUERHOLZ, James. Nota dos editores. In: BURROUGHS, William Seward. Almoço nu. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 299-317.

M’UZAN, Michel de. Um caso de masoquismo perverso. In: M’UZAM. Michel de et al. A sexualidade perversa. Lisboa: Vega, 1980. p. 11-34.

ROMAGNOLI, Roberta Carvalho. Acerca da noção de território no SUAS: a proposta esquizoanalítica. In: ROMAGNOLI, Roberta Carvalho; MOREIRA, Maria Ignez Costa. (org.). O sistema único de assistência social – SUAS: a articulação entre psicologia e o serviço social no campo da proteção social, seus desafios e perspectivas. Curitiba: Editora CRV, 2014. p. 117-131.

SCHREBER, Daniel Paul. Memórias de um doente dos nervos. Tradução de Marilene Carone. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

Downloads

Publicado

2025-10-14

Edição

Seção

Dossiê: Territórios indivisíveis: Corpo, escrita e política no Brasil e na América hispânica